PROBLEMATIZANDO PROCESSOS DE DIGITALIZAÇÃO DE VIDAS HUMANAS

Resumo

Este trabalho tem como principal objetivo investigar efeitos de digitalização de vidas humanas, em específico em vidas de Licenciandos em Matemática. Nossas temáticas versam sobre o efeito de algoritmos em produções de desejos e modos de viver, como os alunos se relacionam com as redes sociais que, em sua maioria, funcionam como mediadores de suas interações sociais e acadêmicas e como redes sociais moldam as relações interpessoais. Como todas essas temáticas se relacionam e implicam na formação inicial de futuros professores de matemática, uma pergunta de nosso trabalho é como os algoritmos impactam vidas de licenciandos. Nosso cenário de pesquisa são estudantes de Licenciatura em Matemática da UFMS, em Campo Grande, entretanto não se restringe a isso. Foram produzidas rodas de discussão com mestrandos e doutorandos em Educação Matemática para aprofundar nossa pesquisa que tem como referencial teórico o livro, Algoritmos de Destruição em Massa, de Cathy O’Neil e o Modelo dos Campos Semânticos (MCS), de Romulo Campos Lins. O MCS que oferece uma estrutura para leituras plausíveis de contextos escolares na valorização do ponto de vista do outro. Temos intenção de constituir um grupo de trabalho e rodas de discussões com licenciandos em Matemática, na qual serão discutidas as interações entre humanos, tecnologias e processos de digitalização da vida, por meio de algoritmos. Produziremos nossos dados a partir de gravações de áudio, vídeos dos encontros e relatos dos participantes. Infelizmente devido à greve docente das universidades federais, no primeiro semestre de 2024 não conseguimos realizar nosso grupo de trabalho e as rodas de conversa com os licenciandos. Está será nossa próxima etapa da pesquisa. Diante desse acontecimento, focamos nossos estudos nas discussões em relação aos algoritmos apresentadas por O’Neil. Algumas de nossas discussões podem ser exemplificadas deste modo: "o Google processou imagens de um trio de felizes jovens afro-americanos e o serviço automático de marcação de fotos os identificou como gorilas" ou "criminalizamos a pobreza, acreditando o tempo todo que nossas ferramentas não são apenas científicas, mas justas". Esses exemplos foram discutidos e evidenciaram como os algoritmos podem perpetuar preconceitos, explorar nossas inseguranças e dividir a sociedade. Essas reflexões são essenciais para entender o impacto dessas tecnologias no cotidiano acadêmico e social.  Até o momento nossas principais considerações explicitam como os licenciandos em um curso noturno, imersos em um ambiente onde as redes sociais desempenham um papel central, são constantemente confrontados, tensionados, coaptados, moldados em processo de digitalização de suas vidas, por meio de algoritmos. Muitas camadas antes invisíveis se tornaram mais explicitas, dificuldades que antes eram ocultas, agora estão mais expostas. Logo, o mais essencial é nunca cessar de questionar e problematizar essas realidades, pois é desta forma que podemos encontrar novos caminhos diante dos algoritmos. Com a ampliação da pesquisa, poderemos finalmente atingir nosso objetivo primário, previamente impedido pela greve. No entanto, estaremos mais bem preparados devido aos estudos realizados ao longo do processo. Assim, as atividades serão desenvolvidas com base nos cenários de digitalização da vida por meio de algoritmos, em grupos de trabalho compostos por licenciandos de Matemática.

Biografia do Autor

Davi Camargo Guardiano, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Estudante de Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

João Ricardo Viola dos Santos, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Licenciado em Matemática (2004) pela Universidade Estadual de Londrina, Mestre em Educação Matemática (2007) pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina. Realizou estágio, durante o mestrado, na Miami University, United States (2006). Doutor em Educação Matemática (2012) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNESP de Rio Claro. Realizou pós-doutorado na School of Education da University of Cape Town, South Africa (2019-2020). É professor associado do Instituto de Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e atua no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (Mestrado e Doutorado). Atua também como professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Natureza e Matemática na UFMT-SINOP (Mestrado Profissional). Foi coordenador Adjunto da UAB-UFMS (2009-2011). Foi coordenador da Licenciatura em Matemática, EAD-UFMS (2016-2017). Foi Editor da revista Perspectivas da Educação Matemática (2014-2019). Foi diretor da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, Regional Mato Grosso do Sul (2012-2015 e 2015-2018). Principais interesses de pesquisa: Formação de Professores, Avaliação em Matemática, Modelo dos Campos Semânticos, Filosofias da Diferença, Pós-Humanismo e Pensamento Decolonial. Atualmente é coordenador do Grupo de Trabalho de Avaliação e Educação Matemática da SBEM (2021-2024)

Referências

LINS, Romulo Campos. O Modelo dos Campos Semânticos: estabelecimentos e notas de teorizações. In: LAUS, C. et al. (Orgs.). Modelo dos Campos Semânticos e Educação Matemática: 20 anos de história. São Paulo: Midiograf, 2012. p. 11– 30.

O’ NEIL, C. Weapons of Math Destruction: how big data increases inequality and threatens democracy. New York: Ed. Crown, 2016.

Publicado
2024-12-11
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVIII SESEMAT - 2024