DESIGUALDADES ECONÔMICAS EM MATEMÁTICA:
MAPEANDO UM ESPAÇO FORMATIVO
Resumo
O objetivo deste trabalho é investigar como a desigualdade econômica impacta a formação inicial de professores de Matemática. A desigualdade social e econômica afeta estudantes de cursos de Licenciaturas em Matemática, principalmente aqueles que estudam no período noturno. São múltiplos os elementos, dinâmicas, causas e efeitos que influenciam as condições e oportunidades de licenciandos que trabalham consigam concluir ou desistam de seus cursos. Em um olhar para o cenário de estudantes do curso, temos que muitos enfrentam o desafio de conciliar o trabalho e o estudo sendo que, em algum período, precisam optar por um desses afazeres. Na maioria dos casos, os estudantes não possuem muitas escolhas, pois de seus trabalhos sobrevivem, e como consequência, abandonam o curso. Neste trabalho, em andamento, realizamos uma pesquisa qualitativa com intenção de investigar narrativas produzidas com licenciandos em Matemática do curso de Licenciatura em Matemática da UFMS, campus de Campo Grande. Utilizamos a perspectiva teórico-metodológica do Modelo dos Campos Semânticos (MCS), de Romulo Lins. Diante disso, trabalhamos e discutimos de que forma essa desigualdade é manifestada entre os cursistas, usando como referência o livro “A tirania do Mérito”, de Michael Sandel, no qual o autor explicita como a ideologia meritocrática influencia em tal contexto. Exemplos de nossa discussão seriam na ideia de valorizar apenas talentos inatos, sem considerar os impactos sociais e econômicos de cada aluno, ou como muitos professores acreditam que, reforçar as desigualdades ao tratar os alunos como capazes igualmente de aproveitar as mesmas oportunidades, e medindo seus esforços de acordo com suas notas, sem considerar o contexto individual de cada um. Esses, entre outros exemplos, vivenciamos em nosso curso de Licenciatura em Matemática. Durante nosso processo de realização da iniciação científica, fomos atravessados por uma greve em nossa universidade, outro exemplo que explicita um efeito da desigualdade econômica em nossa sociedade, o que inviabilizou a realização de nossas entrevistas. Logo, optamos por focar nossos estudos em textos e trabalhos a respeito da desigualdade econômica no contexto de formação inicial de professores de Matemática e, estamos neste momento, realizando entrevistas com licenciandos em Matemática. Assim, discutimos, mapeamos e explicitamos algumas considerações que vivenciamos como estudante de licenciatura em matemática. Observamos em alguns colegas o sentimento de frustração em não conseguir concluir o curso perante a situação que se encontra. Eles se comparam aos poucos estudantes que não possuem a necessidade de trabalho para sobreviver e que conseguem dedicar 100% de seu tempo aos estudos. Promover um ambiente educacional mais justo, equitativo e inclusivo, uma abordagem que reconheça e valorize a diversidade de experiências dos alunos, garantindo que o sucesso acadêmico seja alcançado, não apenas por mérito individual, e com um devido apoio e compreensão das condições de cada estudante, é uma das potencialidades deste trabalho, na direção de construir um curso de Licenciatura em Matemática que lide com as desigualdades econômicas. Diante dessas considerações, ainda continuamos com os seguintes questionamentos em pesquisas futuras: Como a desigualdade econômica afeta estudantes do curso de Licenciaturas em Matemática?
Referências
ANGELO, Claudia Laus. Modelo dos Campos Semânticos e Educação Matemática: 20 anos de História. segunda edição revisada e ampliada [recurso eletrônico], Porto Alegre, RS,2022. p. 1-21.
SANDEL, Michael Sandel. A tirania do Mérito. 8° edição. Rio de Janeiro : Civilização brasileira, 2023.