INQUIETAÇÕES EM CENA:

RASTROS, ECOS E DEVORAMENTOS NA/DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Resumo

Se o conhecimento não é algo a ser descoberto, mas sim algo que emerge de encontros e relações, como podemos abandonar a própria ideia de "pesquisa" enquanto um ato de busca e apropriação? Como pensar caminhos que não sejam estratégias de captura, mas, sim, formas de deixar o mundo agir sobre nós, sem importar sentido, direção ou finalidade? É a partir dessa provocação que propomos uma abordagem pós-qualitativa da pesquisa em Educação Matemática, orientada por uma epistemologia da equivocidade, da antropofagia e da multiplicidade. A partir de uma escrita ensaística, o trabalho tensiona a lógica colonial e domesticadora do conhecimento científico tradicional, propondo, em seu lugar, uma pesquisa que se constrói no atravessamento de perspectivas, na abertura ao outro e na recusa à linearidade, em que o equívoco não é um erro a ser corrigido, mas uma condição do encontro e uma possibilidade de criação. Por fim, o texto convoca a pesquisa e o ensino a abrirem mão da expectativa de totalidade e controle, propondo uma Educação Matemática que não domestica, mas que compõe com o diverso, com o indócil, com o que escapa. Uma matemática que, em vez de gaiola, seja voo; em vez de exatidão, canto. Trata-se, portanto, de habitar o risco, o desvio e a dúvida como condições ético-estéticas para a produção de um conhecimento menos colonizador e mais criador.

Biografia do Autor

Tatiane da Silva Alves, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutoranda em Educação Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (PPGEDUMAT) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Mestre em Ensino de Ciência e Matemática (PPGECMat) pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Especialização em Educação Especial/Educação Inclusiva/ Múltiplas Deficiências. Graduação em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD (2021). É bolsista CAPES no doutorado atualmente, foi bolsista da CAPES no mestrado pelo período de 2022 à 2024 e pelo subprojeto de matemática do Programa Residência Pedagógica-PRP/UFGD no período de 2020 a 2022. Foi editora associada da Revista de Educação Matemática Tangram pelo período de 2022 à 2024. Foi representante discente no Conselho Diretor da FACET- UFGD no período de 2022 à 2023. É integrante do Grupo História da Educação matemática em Pesquisa (HEMEP). Tem interesse em temas como: Pós-humanismo, História Oral, Cartografia Rizomática, Filosofia e Educação Matemática, Educação Indígena, Narrativas.

Thiago Pedro Pinto, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS onde atua no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do INMA (com orientações de mestrado e doutorado) e no Mestrado Profissional em Filosofia (PROFILO); Foi Editor-chefe da Revista Perspectivas da Educação Matemática (UFMS) de 2020 a 2024. Vice-líder do Grupo História da Educação Matemática em Pesquisa (HEMEP) desde 2011. Tem interesses em pesquisas vinculadas à História da Educação Matemática, à Formação de Professores de Matemática e à Filosofia (da/na Educação Matemática). Tem orientado trabalhos que versam sobre a formação de professores indígenas numa perspectiva histórica e sobre a participação das geometrias na formação de professores. Toma como base teórica os estudos de Ludwig Wittgenstein em sua segunda fase e autores contemporâneos de filosofia e antropologia. Quanto sua formação, é Graduado em Licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho - PR (2005) atual UENP. Mestre em Educação Matemática pela UNESP - Rio Claro (2009). Doutor em Educação para a Ciência UNESP - Bauru (2013). Realiza Estágio Pós-Doutoral na Universidad de Salamanca (ES) (2024/2025). Desde 2006 está vinculado ao GHOEM, Grupo de História Oral e Educação Matemática.

Publicado
2025-08-26
Seção
Trabalho Completo – Comunicação Oral - XIX SESEMAT - 2025