INQUIETAÇÕES EM CENA:
RASTROS, ECOS E DEVORAMENTOS NA/DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Resumo
Se o conhecimento não é algo a ser descoberto, mas sim algo que emerge de encontros e relações, como podemos abandonar a própria ideia de "pesquisa" enquanto um ato de busca e apropriação? Como pensar caminhos que não sejam estratégias de captura, mas, sim, formas de deixar o mundo agir sobre nós, sem importar sentido, direção ou finalidade? É a partir dessa provocação que propomos uma abordagem pós-qualitativa da pesquisa em Educação Matemática, orientada por uma epistemologia da equivocidade, da antropofagia e da multiplicidade. A partir de uma escrita ensaística, o trabalho tensiona a lógica colonial e domesticadora do conhecimento científico tradicional, propondo, em seu lugar, uma pesquisa que se constrói no atravessamento de perspectivas, na abertura ao outro e na recusa à linearidade, em que o equívoco não é um erro a ser corrigido, mas uma condição do encontro e uma possibilidade de criação. Por fim, o texto convoca a pesquisa e o ensino a abrirem mão da expectativa de totalidade e controle, propondo uma Educação Matemática que não domestica, mas que compõe com o diverso, com o indócil, com o que escapa. Uma matemática que, em vez de gaiola, seja voo; em vez de exatidão, canto. Trata-se, portanto, de habitar o risco, o desvio e a dúvida como condições ético-estéticas para a produção de um conhecimento menos colonizador e mais criador.