A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA INDÍGENAS NO CENTRO-OESTE:

UMA ANÁLISE DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS

  • Nara Machado Rockenbach UFGD
  • Adriana Fátima de Souza Miola

Resumo

Desde o início da colonização no Brasil, a Educação Escolar Indígena enfrentou diversas imposições culturais que desconsideraram as especificidades dos povos originários. Em resposta, movimentos organizados fortaleceram a luta por espaço e respeito às diversidades linguísticas e culturais indígenas no âmbito educacional. Tal processo culminou na criação de marcos legais importantes, como a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96), que reconhecem os direitos dos povos indígenas à educação diferenciada e intercultural. Neste contexto, destaca-se o Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND) e a criação de licenciaturas interculturais indígenas como marcos significativos para a valorização e fortalecimento da Educação Indígena no Brasil. Neste encaminhamento, o presente resumo expõe uma pesquisa de mestrado em andamento, cujo objetivo é identificar e analisar que (ais) matemáticas são abordados na formação inicial de professores indígenas na região Centro-Oeste e sua relação com as dimensões política, social e cultural desse contexto. Para isso, propomos analisar os Projetos Pedagógicos do Curso (PPC) das Licenciaturas Interculturais Indígenas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), sendo esses, os únicos que possuem habilitação em matemática no Centro-Oeste. Como aporte teórico, adotamos as contribuições de Ubiratan D’Ambrosio, envolto a Etnomatemática e Ole Skovsmose ao viés da Educação Matemática Crítica. Referente a Etnomatemática, discutiremos as práticas matemáticas em diferentes contextos culturais, valorizando as formas próprias por meio das quais grupos sociais produzem, organizam e transmitem saberes matemáticos. Por sua vez, a Educação Matemática Crítica, discutiremos a abordagem problematizadora e libertadora, na qual o ensino da matemática deve promover a inserção crítica dos educandos em sua realidade social, questionando o uso e o papel da matemática na sociedade. A metodologia de pesquisa é qualitativa e de cunho documental. A análise dos dados será realizada por meio da Análise Textual Discursiva (ATD), em que pretendemos compreender como os discursos institucionais refletem as concepções de matemática na formação inicial de professores indígenas. Espera-se que os resultados desta pesquisa possam subsidiar discussões sobre políticas curriculares e práticas formativas mais sensíveis às especificidades culturais e sociais dos povos indígenas da região Centro-Oeste, contribuindo para o fortalecimento de uma educação matemática intercultural e crítica.

Publicado
2025-09-08
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XIX SESEMAT - 2025