(RE) (RE)EXISTIR COM A MATEMÁTICA:
ENTRE DISSIDÊNCIAS, SENTIDOS E PERTENCIMENTOS
Resumo
Este trabalho tem como objetivo observar quais categorias estão atravessadas em trechos narrados por pessoas LGBTQIA+, e como elas se entrelaçam na (re)produção de violências de gênero e sexualidade. Para isso utilizamos a metodologia de pesquisa narrativa e a partir de uma abordagem (auto)biográfica, mobilizamos trechos narrativos vividos pelo primeiro autor e por cinco pós-graduandos ou egressos em Educação Matemática ao longo da graduação e da pós-graduação em Educação Matemática, evidenciando como experiências de preconceito, estigma e exclusão foram ressignificadas por meio da relação com a Matemática. Fundamentado em autores como Judith Butler e Michel Foucault, o estudo problematiza a ideia de uma Matemática neutra, analisando como sujeitos dissidentes encontram nessa área estratégias de resistência simbólica e afirmação identitária. A partir das narrativas analisadas, evidenciamos que a Matemática, historicamente marcada por uma lógica cisheteronormativa, pode ser ressignificada como espaço de resistência e (re)existência por sujeitos dissidentes de gênero e sexualidade. Ao tensionar a ideia de neutralidade do campo, esses sujeitos desestabilizam normas excludentes e contribuem para a construção de práticas pedagógicas mais inclusivas, críticas e comprometidas com a justiça social. Assim, as narrativas revelam que pessoas LGBTQIA+ encontraram na Matemática um refúgio frente à violência e exclusão vividas em ambientes escolares e acadêmicos. A disciplina funcionou como estratégia de resistência e sobrevivência, embora também reforce normas cisheteronormativas.