CULTURA E POLÍTICA, 1967-2012: a durabilidade interpretativa da Tropicália

  • Liv Sovik UFRJ

Resumo

Todo relato histórico é interessado em colocar algo em relevo. Em um texto de 1978 intitulado “Cultura e política, 1967-1969” e mais recentemente, de novo, Roberto Schwarz busca explicar o que aconteceu nos anos 60 e com a esquerda, levando em conta as divisões políticas e a cultura industrial, sempre alerta para o desenvolvimento econômico capitalista e suas determinações (SCHWARZ, 1992 e 2012). Antonio Cicero quer entender a proposta artística de Caetano Veloso e sua ligação com a bossa nova, refletindo sobre a arte, a música e a possibilidade de uma evolução ou progresso, nelas (CICERO, 2003). Em 1994 defendi uma tese sobre a tropicália, em que me interessei em mostrar que o Brasil produziu uma estética pós-moderna, mesmo que os teóricos do pós-moderno europeus e norte-americanos não a tivessem previsto em um país subdesenvolvido; concluí que a estética pós-moderna é fruto mais da frustração de utopias do que do desenvolvimento tecnológico.

Biografia do Autor

Liv Sovik, UFRJ
Liv Sovik é professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ e dos programas de pós-graduação em Comunicação e Cultura, da UFRJ, e de mestrado em Relações Étnico-Raciais, do CEFET-Rio de Janeiro, além de pesquisadora do PACC Programa Avançado em Cultura Contemporânea, da UFRJ. Possui graduação em English - Yale University (1977) e doutorado em Ciências da Comunicação - Universidade de São Paulo (1994). Fez pós-doutorado em Goldsmiths College - University of London entre 2007 e 2008 e desde abril de 2017 faz estágio pós-doutoral junto a Columbia University. Organizou a coletânea de trabalhos de Stuart Hall, Da diaspora: identidades e mediações culturais (Editora UFMG, 2003) e é autora de Aqui ninguém é branco (Aeroploano, 2009). Seus interesses atravessam a história da cultura brasileira, com foco na música popular, teorias da comunicação e da cultura a partir da globalização, do pós-moderno e da diáspora, e questões epistemológicas da comunicação ligadas à presença física e seus desdobramentos para a compreensão de questões de gênero e raça.

Referências

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Publicado
2017-04-25