MEMÓRIA E ESQUECIMENTO: uma via de mão dupla

  • Angela Guida UFMS

Resumo

O homem sempre foi um ser de memória ou como diz Márcio Seligmann-Silva: “homo memor” (ser com memória). Há até quem argumente que um dos traços que diferem o animal humano do animal não humano seria justamente a presença da memória no homem[1]. Desde tempos remotos que a memória vem sendo tema de estudo e reflexão. Aristóteles, bem sabemos, já na Antiguidade Clássica escrevia um dos mais importantes tratados sobre o assunto: Da memória e da reminiscência. Em Fedro, a memória também é convocada, uma vez que Platão, ao censurar a escrita, deixa entrever que ela causaria prejuízos à memória: “Tal coisa tornará os homens esquecidos, pois deixarão de cultivar a memória, confiando apenas nos livros escritos” (PLATÃO, 2000, p. 119).


[1] Não é o objetivo deste texto discutir processos de formação de memória, mas julgamos pertinente registrar que já existem estudos de renomados pesquisadores demonstrando que animais não humanos não só possuem memória, como também níveis de consciência.

Biografia do Autor

Angela Guida, UFMS
Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul CCHS/EaD. Mestrado em Letras/ Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Juiz de Fora [UFJF], Doutora em Ciência da Literatura/Poética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]. Pós-Doutorado em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG]. Atua como docente no programa de Pós-Graduação/Mestrado em Estudos de Linguagens. Interesse especial em pesquisas que privilegiam o diálogo entre os vários campos do conhecimento.

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Publicado
2017-05-05