PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM da crítica FRONTERIZA

  • Edgar Cézar Nolasco UFMS

Resumo

Não foi apenas a fronteira da civilização que se tornou a margem do fim do século XX, como afirma Mignolo na passagem aposta como epígrafe e abertura deste ensaio. As teorias todas, a exemplo da velha teoria literária, passaram por um revisionismo crítico sem precedência na história da epistemologia ocidental. Os conceitos foram revisitados e rediscutidos, sobretudo com a finalidade de se verificar o que neles, ou deles, ainda servia para pensar as mudanças advindas com a chegada do século XXI. A perspectiva disciplinar chegou ao seu término, e isso graças à reflexão imposta pelo que era da ordem do ttrans-. A abordagem crítica que primava tão somente pela epistemologia assentada no valor estético entrou em colapso. Enfim, tudo o que era da ordem da homogeneidade e da totalidade foi veementemente rediscutido pelas novas abordagens epistemoló- gicas que se cristalizaram nesta virada de século. Aprendemos com essas teorias subalternas que não há mais lugar para as reflexões dualistas, preconceituosase sumariamente excludentes. (Lembramos, apenas, a lá Drummond, que no meio desse caminho crítico temos a globalização que impera no mundo.) Essas teorias, formuladas no centro ou fora do centro, mas sempre preocupadas com os países emergentes ou periféricos, nos permitem pensar hoje, de modo crítico, para além de qualquer visada dualista, mesmo quando ainda algumas separações se façam de modo discrepante, bem como seja um consenso crítico de que o mundo careça de democracia para todos.

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Publicado
2017-09-12