MULHERES, CIÊNCIA E A ESCRITA DE SI: desafios epistemológicos da enunciação de mulheres na ciência contemporânea

  • Tayane Rogeria Lino Centro Univesitário UNA Bom Despacho
  • Cláudia Mayorga UFMG

Resumen

O ensaio investiga os modos de ser/estar de mulheres cientistas no contemporâneo. Tendo como objetivo estabelecer uma discussão em torno do complexo debate acerca do lócus enunciativo das mulheres neste campo. Para tanto, discorre-se sobre os desafios metodológicos e epistemológicos desta investigação, refletindo sobre as contribuições do feminismo para a produção científica do conhecimento em seu nível ontológico, epistemológico e metodológico em um constante movimento de ruptura e aproximação com o modelo cientifico hegemônico vigente. As tensões apresentadas por teóricas feministas e o referencial teórico-metodológico cartesiano atual versam em torno das condições intersubjetivas de produção a construção de si e o reconhecimento social-científico de epistêmes que rompam com a tríade universalidade, neutralidade e objetividade. As críticas feministas ao modelo científico hegemônico identificam a ausência/invisibilidade da mulher na ciência e a proposição de novos/antigos fazer no campo. Vemos aqui a reclamação do lugar de sujeito da ciência e na ciência.

Biografía del autor/a

Tayane Rogeria Lino, Centro Univesitário UNA Bom Despacho
Tayane Rogeria Lino é doutoranda em Psicologia no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG e professora no Centro Univesitário UNA Bom Despacho-MG
Cláudia Mayorga, UFMG
Doutora em Psicologia Social pela Universidade Complutense de Madri - Espanha (2007) com foco em estudo sobre gênero, política e feminismo. É professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e do Programa de Pós-graduação em Psicologia. Coordena o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Conexões de Saberes na UFMG. Atuou como pesquisadora visitante na Universidade Complutense de Madrid (2011 e 2012). Atualmente é Editora da Revista Interfaces - Revista de Extensão da UFMG (Qualis B3 -Interdisciplinar) e co-editora da Revista Psicoperspectivas - Chile (Qualis B1). Foi editora chefe da Revista Psicologia & Sociedade (Qualis A2), periódico científico da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) (2012-2015). Foi membro do Comitê Editorial de Scielo em Perspectiva - Humanas (2014 e 2015). Foi membro da Diretoria Nacional da Abrapso (2004/2005) e vice-presidente da Abrapso Regional Minas (2006/2007). Como editora da Revista Psicologia & Sociedade, recebeu grant da American Psychological Association (2012/2013). Atualmente é pesquisadora contemplada pelo PPM Fapemig (2015-2017). Áreas de pesquisa e extensão: Psicologia Social e Feminismo com os seguintes temas: gênero, relações raciais, sexualidade e política; análise interseccional da desigualdade social brasileira; psicologia comunitária, favela e intervenção psicossocial; juventude e participação; democratização da universidade e ações afirmativas; epistemologia feminista e metodologias participativas. Atualmente é Pró-reitora adjunta de extensão da UFMG (2014-2018).

Citas

ALMEIDA, Sandra. R. G. (2010). Prefácio: apresentando Spivak. In: Spivak, Gayatri C. In. ALMEIDA, S. R. G.; FEITOSA, M. P. F & A. P. Feitosa, (trads) Pode o Subalterno Falar?. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, p.07-21.

ANZALDÚA, Gloria E. (2004). Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro Mundo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 8(1), 229-236.

ARRAZOLA, Laura Susana Duque (2002). Ciência e crítica feminista (pp. 67-77). In: Costa, Ana Alice Alcântara & Sardenberg, Cecília Maria Bacellar (Org). Feminismo, Ciência e Tecnologia. Salvador: NEIM/UFBA: Redor.

BACH, A. (2010). Las voces de la experiencia. El viraje de la filosofía feminista. Buenos Aires: Biblios.

BANDEIRA, Lourdes. (2008). A contribuição da crítica feminista à ciência. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 16(1): 288, p.207-228.

BETTO, Frei (2017). Oficio de escrever. Anfiteatro: Rio de Janeiro.

BOURDIEU, Pierre (2004). Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Ed. UNESP.

BOURDIEU, Pierre. (1983). O campo científico (pp. 122-155). In: Ortiz, Renato (Org.).

BUTLER, Butler, Judith. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. (trad. Renato Aguiar). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

BUTLER, Judiht (2015). Relatar a sí mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autentica Editora.

CALVELLI, Haudrey Germiniani & LOPES, Maria de Fátima (2011). A teoria do conhecimento e a epistemologia feminista. In Livro de Anais do Congresso Scientiarum Historia IV, pp. 347-353. Recuperado em 22 de julho de 2013 de www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Haudrey.pdf.

CARNEIRO, Anni de Novais; ROSA, Laila (2016) Escrevivências feministas: caminhos de autoria e processos de individuação.(p.38-53) Em: Denega, Darlene S. V. Andrade; Santos, Helena M. dos. Gênero na psicologia: saberes e práticas. Salvador: CRP-03.

CARVALHO, Ana Paula. (2006). As mulheres no campo científico: uma discussão acerca da dominação masculina. In: Anais do VII Seminário Fazendo Gênero, Florianópolis. Recuperado em 22 de dezembro de 2013, de http://www.fazendogenero.ufsc.br/7/artigos/A/Ana_Paula_Soares_Carvalho_22.pdf

FOUCAULT, Michel (1986). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forence- Universitária.

FOUCAULT,, Michael (2002). “Os corpos dóceis”. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 29ª ed. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, p. 125-152.

FOUCAULT,, Michael (2004). Microfísica do poder. 23. ed. São Paulo: Graal.

FOUCAULT,, Michel (1992). A escrita de si. In: O que é um autor? Lisboa: Passagens. pp. 129- 160.

FRANÇA, Thais (2013). Mulheres que imigram através da academia: articulando gênero, raça e feminismo na produção de conhecimento. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO- E- Book, (28), 5-20.

FURLIN, Neiva (2012). A categoria de experiência na teoria feminista. Estudos Feministas, Florianópolis, 20(3), 955-972.

HARAWAY, Donna (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, (5), 7-41.

HARDING, Sandra. (1996). Ciencia y feminismo. Madrid: Morata.

HOOKS b., BRAH A.; SANDOVAL, C.; ANZALDÚA, G. Otras inapropiables, Feminismos desde las fornteras. Madrid, Traficantes de sueños, 2004. Accesible en http://www.nodo50.org/ts/editorial/otrasinapropiables.pdf

KOIRÉ, A. (1973). Estudos de história do pensamento científico. Rio de Janeiro: Ed. Forense universitária, 1991.

LACLAU, Ernesto (1993). Nuevas reflexiones sobre la revolucion de nuestro tiempo. In:

. Nuevas reflexiones sobre la revolución de nuestro tiempo. (pp. 19-99). Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión.

LAQUEUR, Thomas. (2001). Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

LETA, Jacqueline (2003). As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes e um perfil de sucesso. Estudos Avançados. 17 (49), 271-284.

LINTON, Rhoda. Rumo a um Método Feminista de Pesquisa. In: Alison M. Jaggar e Susan Bordo (orgs), Gênero, Corpo, Conhecimento. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos, 1997, p.293-314.

LOPES, Maria Margaret e COSTA, Maria Conceição da. Problematizando ausências: mulheres, gênero e indicadores na História das Ciências, In. QUARTIM DE MORAES, Maria Lygia. (org.) Gênero nas fronteiras do sul, 2005, p.75-83

LOPES, Maria Margaret. Sobre convenções em torno de argumentos de autoridade. In DOSSIÊ: GÊNERO NA CIÊNCIA. Cad. Pagu no.27 Campinas July/Dec. 2006.

MAFFIA, Diana. Crítica Feminista à Ciência. In: COSTA, Ana Alice A.; SARDENBERG, Cecília Maria B. (orgs), Feminismo, Ciência e Tecnologia. Salvador, Redor/ Neim-FFCH/UFBA, 2002.

MOUFFE, Chantal. (1996). O regresso do político. Lisboa, Portugal: Gradiva.

NARAYAN, Uma. O Projeto de Epistemologia Feminista: perspectivas de uma feminista não ocidental. In: JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan (orgs), Gênero, Corpo, Conhecimento. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos, 1997.

NEVES, Sofia e NOGUEIRA, Conceição. (2005) A psicologia feminista e a violência contra as mulheres na intimidade: a (re)construção dos espaços terapêuticos. Psicologia e sociedade 15 v.2, p. 43-64.

SARDENBERG, Cecília M. B. Da Crítica Feminista à Ciência a uma Ciência Feminista?. In: COSTA, Ana Alice A.; SARDENBERG, Cecília Maria B. (orgs), Feminismo, Ciência e Tecnologia. Salvador, Redor/ Neim-FFCH/UFBA, 2002.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. (trads. Sandra R. Goulart Almeida; Marcos Feitosa & André Feitosa). Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

VERÇOZA, Lúcio Vasconcellos de (2012). Sobre a possibilidade ou impossibilidade de fala do subalterno e o papel do intelectual: notas acerca da reflexão de Spivak. In: Anais do III Seminário do PPGS UFSCar: Sociologia em movimento: novos olhares, novas perspectivas. p.1-10, São Carlos. Recuperado em 10 de outubro de 2017, de http://iiiseminarioppgsufscar.files.wordpress.com/2012/04/vercoza_lc3bacio.pdf

Publicado
2018-03-17