NUESTRA CULTURA LOCAL: por uma epistemologia das margens

  • Leoné Astride Barzotto UFGD

Resumen

Diante da constância de conhecer assertivas que remetem a nós mesmos e de enaltecer o que é nosso, proponho pensar a cultura local. Ressalvados os distanciamentos, mas, de certa forma, imbuído do mesmo espírito, já em 1891, o crítico cubano José Martí profetiza, em Nuestra América, a iminência na união das potencialidades americanas ao sul do Río Bravo del Norte; época essa em que os estadunidenses ainda não haviam assumido – totalmente - o termo ‘americano’ para si. Nesse contexto, do emblemático texto de Martí emana uma energia que me leva a olhar nossa cultura local como uma espécie de representação metonímica de um projeto maior, quiçá adormecido em nosso peito, a Grande América, idealizada desde os bravos tempos de Simón Bolívar até as linhas poético-dramáticas de Augusto Roa Bastos. Se a convivência política ainda não se apresenta harmoniosa dentre as nações latino-americanas; no âmbito da expressão literária, essa idiossincrasia (coletiva) se realiza, pois é evidente o crescimento e o intercâmbio intelectual das produções críticas e literárias no lado americano do hemisfério sul.

 

Citas

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Publicado
2017-08-30