LITERATURA COMPARADA:
(des)comparar para (re)comparar a partir do idioma brasileiro
Resumo
Este ensaio que proponho busca discutir conceitualmente a relação entre a teorização descolonial e a prática crítica da Literatura Comparada, refletindo sobre como essa integração pode gerar novas – não de mesma base – perspectivas comparatistas. A Literatura Comparada, ao longo de sua história, sempre foi aberta a diversas teorizações, permitindo o diálogo com abordagens distintas, como a descolonial. A égide que sugiro nesta criticidade é que uma LITERATURA COMPARADA DESCOLONIAL passa a ser possível se incorporada à prática da (des)comparação, sintetizada na fórmula consciente de uma teorização efetiva cuja fórmula teórica: comparar para descomparar para re-comparar, calcada pela visada do intelectual Nolasco e sem repetir os padrões já endossados. Essa prática visa estabelecer uma perspectiva descolonial sólida, fundamentada em uma abordagem que emerge de diversas produções e pensamentos fronteiriços oriundos de diferentes partes do mundo, sobretudo, da América Latina. Essas produções, carregando nuances de uma epistemologia descolonial ou, como prefiro,fronteiriça, não endossam os princípios teóricos de uma Literatura Comparada moderna, como aquela dominante no Ocidente. Este ensaio exuma conscientemente os árduos meandros que devemos percorrer para que a Literatura latino-americana seja estabelecida e vislumbrada como ancoragem liberta e consultiva para os próximos passos da academia que nos reúne na contemporaneidade. É nesse liame epistêmico-científico com o fito de publicare et propagare este trabalho que a subjetivação do idioma brasileiro aparece como uma metáfora descolonial, pois, distintamente de Portugal, ao (re)comparar nossa fortuna crítica percebo que corpus e corpos dos nossos Brasis conclamam a materialidade idiomática da nossa discursiva-língua ser, por ordem descolonial, o idioma brasileiro.
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