A CASCA E A FRUTA DO PÓS-COLONIALISMO PORTUGUÊS: algumas armadilhas do Lusotropicalismo

  • Roberto Vecchi UNIBO

Resumo

A metáfora crucial do Dom Casmurro de Machado de Assis, da casca e da fruta (das duas Capitú, de que uma estava dentro da outra) serve para delinear não só o processo que estrutura uma linha crítica do pós-colonialismo português, mas também a dinâmica própria que o caracterizaria. Trata-se de uma das muitas possíveis reconstruções, dentro de um quadro de vozes, rico e bastante ativo, mas as conexões que a articulam, reagindo uma com a outra, sobretudo pelo valor de referência que possuem, merecem um relevo à parte.

Biografia do Autor

Roberto Vecchi, UNIBO
Roberto Vecchi,é Professor Titular na Universidade de Bolonha, onde ensina Literatura Portuguesa e Brasileira desde 1993. É Presidente da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL) no triênio 2014-2017. É professor do Programa de Doutorado de Iberística onde leciona Estudos Portugueses e Brasileiros. É diretor do Centro de Estudos Pós-Coloniais (CLOPEE) desta Universidade e coordenador da Cátedra Eduardo Lourenço. No Brasil, é pesquisador CNPq e em Portugal é investigador associado do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra onde colabora com programas de pesquisa e de doutoramento, em particular sobre o pós-colonialismo português e a guerra colonial, é investigador associado do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, do ELAB, o Laboratório de Estudos Literários Avançados da Universidade Nova de Lisboa e é, enfim, Honorary Professor in Lusophone Studies (2013-2015) na School of Cultures, Languages and Area Studies da Universidade de Nottingham. Foi professor visitante em várias universidades brasileiras e portuguesas e lecionou na Itália também nas Universidades de Veneza, Parma e Milão. É autor de mais de 190 publicações científicas dedicadas, em particular, à história e à teoria das culturas de língua portuguesa.

Referências

ALMEIDA, Miguel Vale de (2000) Um mar da cor da terra. Raça, cultura e política da identidade. Oeiras: Celta editora.

CASTELO, Cláudia (1999) “O modo português de estar no mundo”. O luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961). Porto: Afrontamento.

FERREIRA, Ana Paula (2007) “Specificity without Exceptionalism: Towards a Critical Lusophone Postcoloniality”, in Postcolonial Theory and Lusophone Literatures (Paulo de Medeiros ed.), Utrecht, 1, pp. 21-40.

HARAWAY, Donna (1988) “Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective”, in Feminist Studies, 14, 3, pp. 575-599

LOURENÇO, Eduardo (1992) “Psicanálise mítica do destino português”, in O Labirinto da saudade. Psicanálise mítica do destino português. Lisboa: Dom Quixote, 5ª ed. pp.17-64.

RIBEIRO, Margarida Calafate (2004) Uma história de regressos. Império, Guerra Colonial e Pós-colonialismo. Porto: Afrontamento.

SANTOS, Boaventura de Sousa, (1992) “Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal”, in Pela mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade. Porto: Afrontamento, pp.49-67.

SANTOS, Boaventura de Sousa, (2006) “Entre Próspero e Caliban. Colonialismo, Pós-colonialismo e Inter-identidade”, in A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. Porto: Afrontamento, pp.227-276.

Publicado
2017-04-24