Experiência aplicabilidade do Hammersmith Neonatal Neurological Examination na rotina assistencial fisioterapêutica

  • Patrick Jean Barbosa Sales Fisioterapeuta mestrando pelo Programa da Pós Graduação em Ciências do Movimento, INISA/UFMS
  • Mariane de Oliveira Nunes Reco Fisioterapeuta doutoranda em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Faculdade de Medicina (FAMED), FAMED/UFMS
  • Daniele de Almeida Soares Marangoni Profa. Dra. adjunta do curso de Fisioterapia e dos Programas de Pós Graduação em Ciências do Movimento (INISA/UFMS) e Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, ambos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FAMED/UFMS)

Resumo

Introdução e objetivo: Entendidos como aqueles que nascem antes da trigésima sétima semana de gestação1, os recém-nascidos pré-termo (RNPT) são uma população singular que necessita de cuidados para garantia de sobrevivência e adaptação ao ambiente extrauterino2. Devido às condições da prematuridade e toda imaturidade fisiológica carregada consigo, os RNPT possuem uma maior predisposição ao desenvolvimento de alterações na função neurológica3. Para auxílio na detectação precoce dessas alterações, a ferramenta de avaliação Hammersmith Neonatal Neurological Examination (HNNE) é considerada padrão-ouro para identificação de comprometimento neurológico através da análise postural, tônus muscular, comportamento, reflexos, movimentos e sinais anormais4. Sua aplicação engloba 34 itens distribuídos em 6 categorias e alguns pré-requisitos como idade gestacional corrigida (IGC) de 40 semanas4. O objetivo deste relato de experiência é avaliar a aplicabilidade da HNNE dentro da unidade neonatal como parte da rotina assistencial fisioterapêutica. Material e métodos: A experiência prática foi realizada na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian com autorização e acompanhamento da responsável, obedecendo às especificações da HNNE. Enquanto a RNPT estava dormindo, foi conversado com a mãe, explicado como seria a avaliação e combinado o momento da avaliação (após acordar e realização dos cuidados da equipe de enfermagem). Com auxílio da ficha de aplicação e pontuação da HNNE, a avaliação foi realizada no momento pré-estabelecido. Resultados e discussão: A avaliação foi realizada seguindo a ordem proposta pela HNNE, cada categoria com seus itens: Postura e tônus; padrões de tônus; reflexos; movimentos; padrões e sinais anormais; e, por fim, orientação e comportamento4. Para execução da ferramenta em si não houve complicações, uma vez que a HNNE é composta por um misto de itens com testagem, observação e comparações4. Em contrapartida, o sistema de pontuação ainda pode confundir devido à baixa prática. As pontuações supracitadas podem ser aprimoradas conforme maiores experiências, garantindo agilidade e praticidade. Outra questão a destacar é a IGC exigida pela HNNE, pois é um elemento que pode impedir a avaliação intra-hospitalar em razão da própria alta dos pacientes, que frequentemente ocorre antes das 40 semanas corrigidas. Em relação à avaliação, notou-se um aumento do tônus muscular no membro superior direito, podendo ser em decorrência da presença de um cateter venoso central de inserção periférica, já que no membro contralateral os achados foram adequados. Por fim, atentar-se ao momento de execução também se faz primordial para redução do risco de irritabilidade com consequentes falsos resultados. Conclusões: A experiência agregada com a aplicação da HNNE se demonstrou positiva na aplicabilidade do instrumento inserido nas rotinas assistenciais da Fisioterapia pela acessibilidade das categorias avaliativas junto a seus respectivos itens. Ressalta-se que todos os fisioterapeutas precisam se inteirar sobre a ferramenta para assim garantir o domínio, praticidade e distribuição de tarefas ausentes de sobrecargas.

Referências

WHO. Born too soon: decade of action on preterm birth. Geneva: World Health Organization; 2023.

Duffy N, Hickey L, Treyvaud K, Delany C. The lived experiences of critically ill in-fants hospitalised in neonatal inten-sive care: A scop-ing review. Early Hum Dev. 2020;151:105244.

Vliegenthart RJS, van Kaam AH, Aar-noudse-Moens CSH, van Wasse-naer AG, Onland W. Duration of mechanical venti-lation and neuro-development in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2019;104(6):F631-F635.

Romeo DM, Ricci D, Brogna C, Mercu-ri E. Use of the Hammersmith In-fant Neurological Examination in in-fants with cerebral palsy: a critical re-view of the litera-ture. Dev Med Child Neurol. 2016;58(3):240-245.

Publicado
2023-12-31
Como Citar
BARBOSA SALES, P. J.; DE OLIVEIRA NUNES RECO, M.; SOARES MARANGONI, D. DE A. Experiência aplicabilidade do Hammersmith Neonatal Neurological Examination na rotina assistencial fisioterapêutica. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 9, n. 2, p. 43, 31 dez. 2023.