Os Intelectuais, o Poder e a Educação Matemática: sedimentos em monumentos de pedra de nós mesmos
Abstract
Neste texto, buscamos problematizar a nós mesmos, educadores matemáticos. Ao fazer um uso interessado da obra de Michel Foucault, promovemos uma discussão sobre sua potencialidade na pesquisa em História da Educação Matemática, especialmente no estudo dos processos históricos de constituição e de consolidação da Educação Matemática no cenário científico-acadêmico. Junto a fragmentos de narrativas obtidos com o auxílio do sistema computacional Hemera, disponível no site do Grupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática (GHOEM), acercamo-nos de procedimentos que permitem gerar e gerir formas de existir do educador matemático – a posição subjetiva autorizada a produzir, divulgar e legitimar esse saber –, como a institucionalização e profissionalização da pesquisa e a constituição de redes de comunicação. Esperamos, por fim, que este texto traga contribuições com questões e abordagens para a História da Educação Matemática.References
ALBUQUERQUE JR., D. M. História: a arte de inventar o passado. Ensaios de teoria da História. Bauru: EDUSC, 2007.
ALBUQUERQUE JR., D. M. A história em jogo: a atuação de Michel Foucault no campo da historiografia. Anos 90, v. 11, n. 19/20, p. 79-100, jan./dez. 2004.
CARNEIRO, V. C. G. Educação Matemática no Brasil: uma meta-investigação. Quadrante, Lisboa, v. 9, n. 1, p. 117-140. 2000.
FERNANDES, F. S. A produção científico-acadêmica em Educação Matemática no Brasil: rumos, rumores e possibilidades de histórias. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3, Belém. Anais… Belém: SBHMat, 2016a. p. 1786-1798.
_________. Entre o que você vê e o que você pode ver: Michel Foucault e a posição científico-acadêmica da Educação Matemática no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3, São Mateus. Anais… São Mateus: SBHMat, 2016b. p. 90-97.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 7. ed. Tradução de L. F. B. Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
_________. A verdade e as formas jurídicas. 3. ed. Tradução de R. C. M. Machado e E. J. Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.
_________. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 5. ed. Tradução de L. F. A. Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
_________. Microfísica do poder. 13. ed. Tradução de R. Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1998.
_________. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1975. HOFSTETTER, R.; SCHNEUWLY. B. Disciplinarisation et disciplination consubstantiellement liées. Deux exemples prototypiques sous la loupe: les sciences de l’éducation et des didactiques des disciplines. In: ENGLER, B. (Org.). Disziplin-Discipline. Fribourg: Academic Press, 2014. p. 27-46. HOFSTETTER, R. et al. Pénétrer dans la vérité de l’école pour la juger pièces em main – L’ irrésistible institucionalisation de l’expertise dan la champ pédagogique (XIXe. – XX siècles). In: BORGEAUD, P. et al. (Orgs.). Figuras et pratiqques d'experts. La Fabrique de savoirs - Figures et pratiques d'esperts. Chêne-Bourg : L'ÉQUINOXE Collection de sciences humaines, 2013. p. 79-116. LARROSA, J. Nietzsche & a Educação. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
MIGUEL, A. et al. A educação matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre a sua disciplinarização. Revista Brasileira de Educação, n. 27, p. 70-93, set./dez. 2004.
MORAIS, R. S. A matemática do ensino primário nos anais da I Conferência Nacional de Educação (1927) – fragmentos do passado sob a lente da perspectiva foucaultiana. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3, São Mateus. Anais… São Mateus: SBHMat, 2016a. p. 110-119.
_________. Elementos de disciplinarização da Educação Matemática como campo de pesquisa: a resolução de problemas em questão. Perspectivas da Educação Matemática, Campo Grande, v. 9, n. 20, p. 447-459. 2016b.
OLIVEIRA, F. D. HEMERA: sistematizar compreensões, possibilitar narrativas. 2013. 176 f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência). Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, Faculdade de Ciências, UNESP, Bauru, 2013.
OLIVEIRA, F. D.; GARNICA, A. V. M. Hemera: uma proposta para a sistematização eletrônica de narrativas. Revista História Oral, v. 19, n. 1, p. 59-79. 2016.
RAGO, M. O efeito-Foucault na historiografia brasileira. Tempo Social, São Paulo, n. 7, v. 1-2, p. 67-82. 1995.
ROLKOUSKI, E. Vida de professores de matemática: (im)possibilidades de leitura. 2006. 288 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2006.
SILVA, H. Centro de Educação Matemática (CEM): fragmentos de identidade. 2006. 448 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2006.
SOUZA, L. A. História Oral e Educação Matemática: um estudo, um grupo, uma compreensão a partir de várias versões. 2006. 313 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2006.
VALENTE, W. R. Oito temas sobre história da educação matemática. REMATEC, Natal, ano 8, n.12, p. 22-50, jan./jun. 2013.
VEIGA-NETO, A.; RECH, T. L. Esquecer Foucault? Pro-Posições, Campinas, v. 25, n. 2, p. 67-82, maio/ago. 2014.