DA AÇÃO À CONDIÇÃO
o condicionamento humano e a alienação moderna em Hannah Arendt
Resumo
Na obra A Condição Humana (1958), Hannah Arendt estabelece como questão fulcral o que estamos fazendo? Ela não propõe uma resposta, mas uma reconsideração da própria condição humana sob o ponto de vista da experiência moderna. A obra tem um “duplo voo”: da terra para o espaço e do mundo para dentro do ser humano. O diagnóstico: com o desaparecimento do espaço público, a esfera política se fragilizou, e a autora indica que uma nova esfera surgiu, a do social. A atividade política passou a ser considerada uma atividade como qualquer outra, isto é, passou a ter o status de mera atividade voltada para a necessidade e a manutenção da própria vida humana, e a atividade do trabalho [labor] assumiu sua posição. Nesse sentido, o ser humano passa a ser visto como um animal laborans, um indivíduo que trabalha para garantir o sustento, e cuja condição primária se reafirma cada vez mais como um processo biológico, ou seja, volta-se exclusivamente para a sua sobrevivência e para o consumo dos desejos do seu corpo. Essa figura se torna o paradigma da era moderna. Consequentemente, o domínio privado expande-se e há uma exacerbação desse domínio no público. O prognóstico, portanto, é que vivemos em uma sociedade de operários, posto que na virada do século XVII para o XVIII os valores foram subvertidos; o que passa a definir o ser humano enquanto humano é a atividade do trabalho.
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Referências
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