O DUPLO JOGO DE FORÇA QUE INCIDE SOBRE A MEMÓRIA DISCURSIVA
Resumo
Este estudo objetiva analisar questões relacionadas à memória discursiva e ao interdiscurso capturadas em discursividades recortadas de arquivos da mídia, cujo tema é o drama agrário vivido pelo sujeito denominado brasiguaio. As sequências discursivas (SD) recortadas são analisadas pelo viés da AD, a partir da voz teórica de Michel Pêcheux. A partir de tomadas de posição e da construção de um dispositivo de interpretação busca-se apreender marcas linguísticas e efeitos de sentido que mostram como a mídia retoma do interdiscurso e da memória histórica alguns acontecimentos do passado, discursivisando-os. As análises mostram que a repetibilidade dos segmentos e dos itens lexicais não garantem a produção do mesmo efeito de sentido. O fato de o dito pertencer à mesma rede de implícitos pode aparentar uma repetição ou estabilização de sentidos, entretanto, quando irrompe em condições de produção diferentes ou se inscrevendo em outra formação discursiva (FD), essa aparente estabilidade pode ruir e sentidos novos podem irromper. Desse modo, o dizível só ganha sentido nas condições de produção em que irrompe e na FD no qual se inscreve. A memória discursiva exibe, assim, um duplo jogo de força que se abre aos deslizamentos, mas também mantém a regularização pelo viés da repetição.Referências
ALBUQUERQUE, José Lindomar Coelho. A dinâmica das fronteiras: os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. São Paulo: Annablume, 2010.
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas: UNICAMP - IEL n.19, jul/dez., 1990, p. 25-42.
COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos (1981). Trad. Cristina de campos Velho Birk et al. São Carlos: EDUFSCAR, 2009.
______. Metamorfoses do discurso político: as derivas da fala pública. Trad. Nilton Milanez e Carlos Piovezani Filho. São Carlos: Claraluz, 2006.
INDURSKY, Freda. O ideológico e o político no discurso do/sobre o MST. In.: INDURSKY, Freda; FERREIRA, Maria Cristina Leandro; MITTMANN, Solange (Orgs.). O acontecimento do discursivo no Brasil. Campinas: Mercado de Letras, 2013, p. 277-303.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3. ed. Campinas: Pontes, 2001.
PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso (AAD-69). In.: GADET, Françoise e HAK, Tony. (Orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. Bethania S. Mariani et al. 4. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2010a, p. 59-158.
______; FUCHS, Catherine. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas (1975). In.: GADET, Françoise e HAK, Tony. (Orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. Bethania S. Mariani et al. 4. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2010b, p. 159-249.
______. Papel da memória (1983). In.: ACHARD, Pierre (org.), Papel da memória. Trad. José Horta Nunes, 3.ed., Campinas - SP: Pontes Editores, 2010c.
______. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio (1975). Trad. Eni Puccinelli Orlandi et al. 4. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
PRIORI, Angelo; KLAUCK, Roberto Carlos. O retorno dos brasiguaios. Revista Espaço Acadêmico, nº 109, junho de 2010, Ano X, p. 95-102, ISSN 1519-6186.
a) permitem a reprodução total dos textos, desde que se mencione a fonte.
b) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional;
c) autorizam licenciar a obra com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
d) responsabilizam-se pelas informações e pesquisas apresentadas nos textos a serem publicados na Revista Primeira Escrita, eximindo a revista de qualquer responsabilidade legal sobre as opiniões, ideias e conceitos emitidos em seus textos;
e) comprometem-se em informar sobre a originalidade do trabalho, garantindo à editora-chefe que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s), quer seja no formato impresso ou no eletrônico;
f) autorizam à Revista Primeira Escrita efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical com vistas a manter o padrão normativo da língua e apresentarem o padrão de publicação científica, respeitando, contudo, o estilo dos autores e que os originais não serão devolvidos aos autores;
g) declaram que o artigo não possui conflitos de interesse.