Com raízes na Retórica e na Poética Clássica, a Estilística consolida-se, no início do século XX, com os estudos pioneiros de Charles Bally, cujo propósito era a observação dos aspectos afetivos da linguagem. Ao lado da Estilística da língua, concebida por ele, surge a Estilística literária - proposta por Spitzer -, dedicando-se aos aspectos expressivos de estilos individuais. À princípio, os estudos estilísticos fixaram-se nesses dois campos, no entanto, com o surgimento das pesquisas textuais-discursivas, acabaram se ramificando em diversas vertentes, recebendo significativas contribuições que favoreceram o reposicionamento da disciplina no cerne das ciências da linguagem. Seus domínios foram alargados; seu olhar, antes limitado, de modo geral, ao enunciado, voltou-se também para a enunciação e o discurso, permitindo diálogos com a Análise do Discurso, a Linguística Textual, a Semiótica, a Semântica, a Pragmática, a Retórica Moderna. Considerando o percurso da disciplina – vinculada à Linguística - e suas interfaces, é possível pensar em Estilísticas, no plural, que, em comum, buscam entender a expressividade das escolhas linguístico-discursivas para o enunciado, tentado compreender também as teias estabelecidas na interação entre enunciadores e enunciatários nos mais diversos contextos de produção. Essa pluralidade de enfoques é acolhida por este dossiê, que espera contar com artigos que demonstrem a vitalidade da Estilística e seus diálogos possíveis.