O ALÇAMENTO VOCÁLICO NO CORPUS DO PROJETO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL: CEARÁ

  • Rosana Franquetto Pitta Universidade Federal da Bahia
Palavras-chave: Alçamento Vocálico, Vogais Médias Pretônicas, Projeto Atlas Linguístico do Brasil.

Resumo

A variação entre vogais médias abertas e fechadas é um dos fatos vistos como importantes para a delimitação de áreas dialetais no português do Brasil, desde a proposta de divisão dialetal apresentada por Nascentes (1953 [1922]). Além da realização aberta e fechada, há, ainda, uma terceira possibilidade: o Alçamento Vocálico. Este fenômeno, visto como supradialetal, consiste na emissão da vogal média pretônica [e , o] como alta, [i , u], em casos como prisilha/presilha e durmindo/dormindo, respectivamente. Dito isto, o presente trabalho visou fazer um levantamento e análise dos casos de Alçamento Vocálico no corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). A metodologia seguiu a do Projeto ALiB, baseada na Geolinguística Pluridimensional, selecionando informantes de sexos e faixas etárias diferentes, visando uma análise diastrática e diassexual, além da análise diatópica. Foram selecionados dados de 40 inquéritos, quatro de cada uma das dez localidades pertencentes ao Estado do Ceará e analisadas quatro variáveis: duas sociais (sexo e idade), uma diatópica (localidade) e uma variável linguística (natureza da vogal tônica). Os dados foram submetidos ao programa de análise estatística GoldVarb (2001) e os resultados mostrados em pesos relativos. A variável que se mostrou mais significativa para a ocorrência do fenômeno na presente amostra foi a natureza da vogal tônica, confirmando dados de pesquisas anteriores que revelam que uma vogal alta na sílaba tônica favorece o Alçamento da vogal média pretônica, por uma questão de assimilação, como em mixirica/mexerica e musquito/mosquito.

Biografia do Autor

Rosana Franquetto Pitta, Universidade Federal da Bahia
Mestranda em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia. Professora de Língua Portuguesa graduada em Letras Vernáculas na Universidade Federal da Bahia.

Referências

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Publicado
2019-12-19