A REALIZAÇÃO DO /S/ NA FALA DE UNIVERSITÁRIOS SERGIPANOS DO INTERIOR: EFEITOS SOCIAIS E LINGUÍSTICOS

  • Cósmia Karine Vieira Borges Universidade Federal de Sergipe
  • Josilene de Jesus Mendonça Universidade Federal de Sergipe

Resumo

No português brasileiro, o /S/ em coda silábica pode ter realização alveolar [s, z], palatal [ʃ, ʒ] ou glotal [h, ɦ], assim como pode ser apagado [∅] em posição final de palavra, e a diferença de realização configura-se como marca dialetal e social. Apresentamos os resultados de um estudo quanto à realização do /S/ em coda na fala de universitários da Universidade Federal de Sergipe, Campus professor Alberto Carvalho, Itabaiana/SE, a fim de identificar os condicionamentos linguísticos, sociais e dialetais. A amostra considera 54 entrevistas sociolinguísticas do banco de dados Falares Sergipanos, estratificadas quanto ao sexo/gênero dos informantes, aos deslocamentos geográficos dos estudantes em função da universidade e ao período do curso de graduação. A análise demonstra que o apagamento ocorre categoricamente em contextos em que a coda apresenta valor de morfema de número. A realização palatal na fala de estudantes do interior sergipano é condicionada por fatores internos: ocorre em contexto linguístico específico, diante de consoantes oclusivas alveodentais [t, d]. Além disso, a realização palatal é favorecida em contextos linguísticos com traço desvozeado; em posição de coda interna; em palavras em que o /S/ não apresenta valor de morfema de número; em palavras das classes gramaticais verbos e nomes; e em sílabas pretônicas.

Biografia do Autor

Cósmia Karine Vieira Borges, Universidade Federal de Sergipe
Graduanda em Letras Português pela Universidade Federal de Sergipe – Campus Prof. Alberto Carvalho. Participa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC.
Josilene de Jesus Mendonça, Universidade Federal de Sergipe
Doutoranda em estudos linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Sergipe.

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Publicado
2019-12-19