O FALAR CAIPIRA NÃO É UM PROBREMA – UM ESTUDO DO ROTACISMO E DO RETROFLEXO NO FALAR CASCAVELENSE
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar a descrição do rotacismo e do retroflexo na fala dos cascavelenses, tendo como alicerce os princípios teóricos-metodológicos da área da variação e diversidade linguística. O município de Cascavel, localizado na região oeste do Paraná, pode ser descrito pelos traços mais heterogêneos dos grupos que colonizaram a localidade. Esse pluralismo linguístico orientou a pergunta norteadora da pesquisa: que variáveis sociais e linguísticas favorecem ou inibem os fenômenos do rotacismo e do retroflexo na fala dos cascavelenses? Para responder à questão, partimos de Labov (1972); Tarallo (2001), Aguilera (1994) e Cardoso (2010). O corpus deste estudo é composto pelas respostas aos inquéritos fonéticos-fonológicos do Estudo geossociolinguístico da fala do Oeste do Paraná (AUTOR, 2010). A partir das análises, percebeu-se traços de estigma e de prestígio linguístico perante as variantes. Constatou-se, ainda, que falantes mais velhos preservam em sua fala traços linguísticos dos grupos de origem, enquanto informantes mais novos tendem a monitorar mais sua fala nas entrevistas, indicando que as variantes são pauta de avaliação na comunidade de fala. Ademais, observou-se que o contato com a variedade padrão no ambiente escolar pode motivar a não realização do rotacismo na fala dos mais escolarizados, pois os dados mostraram um número menor de ocorrências da variante nesse estrato.Referências
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