"E SE AQUI INUNDAR?":

UM CASO DE ESTÁGIO COM MODELAGEM MATEMÁTICA SOBRE AS ENCHENTES NO RS

Resumo

Este trabalho apresenta o relato de experiência de uma prática pedagógica realizada na turma do 6° ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de Educação Básica, como parte do Estágio Curricular Obrigatório do curso de graduação em Licenciatura em Matemática. A prática foi planejada visando habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como a capacidade de interpretar, ordenar e representar números decimais, além de promover o trabalho colaborativo e o pensamento crítico, respeitando o currículo vigente do Estado de Mato Grosso do Sul – MS. As orientações didáticas valeram-se da Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática como alternativa pedagógica (Almeida; Silva; Vertuan, 2013), abordando números decimais a partir de um contexto real e relevante: as enchentes ocorridas no Estado do Rio Grande do Sul – RS, em maio de 2024. A atividade foi estruturada em torno da construção de uma reta numérica em grande escala, elaborada com a participação ativa dos alunos. Inicialmente, alguns questionamentos foram realizados com o objetivo de identificar a percepção e informações dos estudantes sobre o fenômeno e, prontamente, os níveis da água foram destacados. Contextualizamos a situação com, “E se aqui inundar, o Rio Paraguai?” e foi feita uma introdução sobre os eventos das enchentes, evidenciando a importância de compreender dados numéricos relacionados a eventos naturais, estabelecendo uma relação interdisciplinar com aspectos da Geografia e Biologia, justificando o fenômeno que ocorreu no RS. Em seguida, em grupos de 4 a 5 alunos, eles foram incentivados a identificar, comparar e posicionar números decimais e uma trena foi utilizada como instrumento de medida para auxiliar na visualização e compreensão de medidas. Antecipadamente, desenhada em 3 metros (m) em papel craft, uma reta numérica foi exposta e os grupos, munidos de alguns números decimais e pequenos calendários que indicavam as datas, foram convidados para a construção da própria reta numérica. Nesse caso, utilizando dados reais das enchentes, sendo eles os indicadores de níveis de água registrados no Lago Guaíba. Após esta construção, os estudantes representaram-na em seus cadernos e algumas atividades foram desenvolvidas, explorando conceitos como, sucessor e antecessor e introduzidas as operações com números decimais. Essa abordagem permitiu relacionar o conteúdo matemático a um evento relevante, promovendo um aprendizado aparente, significativo e contextualizado. Os resultados da prática evidenciaram um bom aproveitamento dos estudantes nas atividades subsequentes, já que a construção da reta numérica proporcionou uma compreensão dos números decimais e suas aplicações práticas. Os alunos mostraram maior engajamento e interesse, o que se refletiu em um melhor desempenho na participação nas discussões em sala de aula. Assim, este relato evidencia a Modelagem Matemática como abordagem de ensino, dinâmica, motivadora e capaz de contextualizar o aprendizado para torná-lo mais significativo aos alunos. A experiência sugere que práticas pedagógicas que conectam o conteúdo escolar com situações do cotidiano podem favorecer a compreensão, o interesse e atribuir sentido e significado aos conceitos matemáticos pelos estudantes. Como Estágio, também destacamos o potencial que experiências como esta conferem à formação inicial (e continuada) de professores, pois ilustra outro modo de ensinar e aprender matemática, além da exposição e resolução de exercícios.

Biografia do Autor

Kevelyn Desiree Ortega de Arruda, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Cursando Licenciatura em Matemática na UFMS-CPAN (Corumbá, MS)

Wellington Piveta Oliveira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus do Pantanal – UFMS/CPAN

Professor do Magistério Superior da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus Pantanal (UFMS/CPan). Doutor em Educação para a Ciência e a Matemática pelo Programa de Pós-graduação em Educação para Ciência e a Matemática (PCM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Possui especializações nas áreas de Ensino e Educação e é graduado em Licenciatura em Matemática. Membro do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Modelagem e Educação Matemática (GIEMEM/UEM). Atua com temas referentes a Educação Matemática, desenvolvendo estudos e pesquisas sobre a Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática e Formação de Professores que ensinam Matemática, voltando os olhares para o Estágio Curricular Supervisionado. Membro associado da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM).

Referências

Almeida, L. M. W.; Silva, K. P.; Vertuan, R. E. Modelagem matemática na educação básica. São Paulo: Contexto, 2013

Publicado
2024-12-13
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVIII SESEMAT - 2024