QUANDO A MATEMÁTICA DÓI
INQUIETAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE A DOCÊNCIA E SEUS SENTIDOS
Resumo
O presente artigo tem como objetivo compartilhar as experiências e afetações vividas no processo de pesquisar e estar em sala de aula por pesquisadoras em formação no campo da Educação Matemática. A partir da narração de uma vivência escolar marcada pelo sofrimento de uma aluna diante de uma explicação sobre função inversa, emergem inquietações sobre a forma como a matemática é ensinada e os efeitos subjetivos que esse ensino pode produzir. Tensiona-se a ideia de neutralidade atribuída à matemática escolar, compreendendo–a como uma prática situada, atravessada por determinações sociais, históricas e políticas, para além de um conjunto de saberes supostamente abstratos e universais. Discute-se a naturalização do sofrimento acadêmico como um dos mecanismos por meio dos quais a matemática escolar opera enquanto tecnologia a serviço das relações de poder, legitimando processos de exclusão e silenciamento daqueles que não se ajustam às normas hegemônicas de desempenho e compreensão. Ao articular relato, reflexão teórica e crítica às políticas curriculares, o artigo propõe deslocamentos na forma de pensar o ensino de matemática, não com a pretensão de oferecer respostas conclusivas, mas como gesto de partilha e abertura ao debate.