REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA MATERNA TERENA por meio do teatro segundo o PCN-Arte/Teatro

  • Marcos Antônio Bessa-Oliveira UEMS
  • Tisa Tatí Oliveira de Andrade UEMS

Resumo

O papel social da língua terena hoje está basicamente relacionado à necessidade de reafirmação da identidade étnica indígena. Especialmente quando temos em mente, por exemplo, o papel sociopolítico que a língua desenvolve em relação ao sujeito falante – que tenta falar – e em relação aos não-falantes, poderes político-sociais, que, quase sempre, não permitem que os primeiros falem. Conhecer e conhecer-se, ensinando a língua, fazem parte de um projeto de resgate cultural. Neste sentido, este trabalho tem como primeiro objetivo responder a seguinte questão: como o teatro pode contribuir com esse processo (língua X ensino) segundo o PCN-Arte/teatro? A partir da lei 9394/96 o ensino da arte passou a ter uma base estrutural tal como criação/produção, contudo a disciplina é vista como conteúdo apenas ligado ao lazer. O ensino de arte é diferente das outras disciplinas, pois aborda categorias cognitivas do aluno muito distintas dos ensinos tradicionais. Ou seja, manifestações artísticas que têm singularidades bem definidas: a dança, a música, a literatura, as artes plásticas e o teatro; bastante diferentes da matemática, história, geografia e até a língua portuguesa para falarmos do ensino de línguas. Ou seja, de imediato já é possível dizer que não se trata de pensar o teatro, através da disciplina de Artes, como possibilidade científica, mas talvez tratá-lo como possibilidade, através da prática artística do teatro, de permitir ao índio na contemporaneidade o regate da fala da língua materna.

Biografia do Autor

Marcos Antônio Bessa-Oliveira, UEMS
Professor efetivo da UEMS - Unidade Campo  Grande - no Curso de Artes Cênicas na cadeira de Artes Visuais. É coordenador da NAV(r)E - Núcleo de Artes Visuais em (re) Verificações Epistemológicas; certificado pela UEMS/CNPQ. é Artista Visual, Doutor em Artes Visuais - pela linha de pesquisa Fundamentos Teóricos - pelo IAR Unicamp. é Mestre em Estudos de Linguagens e Graduado em Artes Visuais - Licenciatura - habilitação em Artes Plásticas pela UFMS. Desenvolveu pesquisas sobre as pinturas e o livro ÁGUA VIVA: ficção de Clarice Lispector. As pinturas e ÁGUA VIVA foram seus objetos de pesquisa no Mestrado. Desenvolve a a pesquisa Arte e Cultura na Frontera: "Paisagens" Artísticas em Cena nas "Práticas Culturais" Sul-Mato-Grossense vinculada a PROPP/UEMS  e vinculada ao NECC-UFMS a pesquisa ENTRE PARAGUAI(S), BOLÍVIA(S) e BRASIL(S): diáologos nas quase fronteiras "DISSOLVIDAS" e a pesquisa ESTÈTICA BUGRESCA: Crítica de Arte?fora do eixo? da Crítica de Arte - sobre a produção artístico visual (PRÁTICA, PEDAGÓGICA E TEÓRICA) de Mato Grosso assistente dos CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Tem experiência na área de Fundamentação Teórica em Artes Visuais, com ênfase em Artes Plásticas, no Ensino em Artes Visuais, atuando principalmente nos temas: Estudos Visuais, Crítica Biográfica, Identidade Cultural, pesquisas em Artes Visuais, Teorias das Artes Visuais, História da Arte, Arte e Ensino, Literatura/Pintura e Organização de Exposições.

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Publicado
2017-04-15