ESTÉTICA (ou não) BUGRESCA – ARTE DESCOLONIAL FRONTEIRIÇA – PAISAGENS BIOGEOGRÁFICAS: o que vemos do outro lado da linha que se insinua entre o real e o imaginário

  • Marcos Antônio Bessa-Oliveira UEMS

Resumo

A opção descolonial (MIGNOLO, 2003) tem como ponto chave fazer evidenciar a ideia de nos pensar, sujeitos biográficos latino-americanos, para além da ideia de após-colonizados; no entanto, sem deixar de considerar essa condição do sujeito latino com histórico de ex-colônia. Do mesmo jeito, as produções que emergem desse lócus enunciativo latino-americano carecem de um pensamento epistêmico outro que possibilite compreendermos tais produções e artefatos simbólicos como resultados de arte, cultura e conhecimentos que surgem das relações entre os símbolos cotidianos e as cientificidades estabelecidas entre os sujeitos biográficos e os locais enunciativos latino-americanos. Por conseguinte, as relações entre a proposta epistêmica descolonial e os lugares latinos corroboram a minha compreensão da necessidade de fazer emergir dos diferentes lóci enunciativos situados na América Latina, ou em quaisquer outros lugares após-colonizados, uma conceituação específicas – “estéticas”[1] – que se relaciona primeiro com os fazeres, objetos, conhecimentos e símbolos cotidianos dos sujeitos desses lugares.


[1] O termo estética é empregado aqui, por ora, para ilustrar, aos leitores não periféricos, a intenção que tangencia este trabalho. Ou seja, se por um lado tratarei conceitualmente da necessidade de emergir conceitos que tratem mais intimamente das obras simbólicas ou de produção de conhecimentos periféricas, por outro quero que estas reflexões sejam compreendidas em um patamar intelectual igual ou mais amplo que a ilustração conceitual que proporciona aos catedráticos o conceito de estética difundido na cultura mundial pelos discursos hegemônico. A ideia é pensar em um termo conceitual que contemple o pensamento epistêmico de mirada descolonial, sobre as práticas artísticas e artefatos simbólicos como arte e produtores de conhecimentos, dos lugares fora dos eixos que tiveram consolidada a noção de estética que temos na atualidade implantada pelo pensamento epistêmico moderno. Portanto, a ideia do título “ESTÉTICA (ou não) BUGRESCA” já prioriza esta sinalização que aqui será desenvolvida, a priori, para falar em epistemologias, artes, produções artístico-culturais, sujeitos, lugares, ciências, culturas e objetos – tudo no plural – a partir de uma episteme descolonial que visa uma compreensão outra de mundos.

Biografia do Autor

Marcos Antônio Bessa-Oliveira, UEMS

Professor Efetivo da UEMS - Unidade Campo Grande - no Curso de Graduação em Artes Cênicas - da cadeira de Artes Visuais e Professor Permanente do PROFEDUC - Programa de Mestrado Profissional em Educação. É Artista Visual, Doutor em Artes Visuais - da linha de pesquisa Fundamentos Teóricos - pelo IA-Unicamp. Coordena o NAV(r)E - Núcleo de Artes Visuais em (re)Verificações Epistemológicas. É Mestre em Estudos de Linguagens e Graduado em Artes Visuais - Licenciatura - Habilitação em Artes Plásticas pela UFMS. Desenvolveu pesquisas com Bolsas CAPES e PIBIC/CNPq no Doutorado, Mestrado e na Graduação. Desenvolve pesquisa vinculada ao NECC-UFMS sobre a produção artística (PRÁTICA, PEDAGÓGICA E TEÓRICA) de Mato Grosso do Sul. É Editor-Assistente dos CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. É membro do Grupo de Pesquisa Estudos Visuais - IA/UNICAMP. Tem livros e diversos artigos publicados sobre Clarice Lispector - pintora/escritora e sobre a produção artístico-plástica sul-mato-grossense em nível nacional e internacional. Tem experiência na área de Fundamentação Teórica em Artes Visuais, com ênfase em Artes Plásticas, no Ensino em Artes Visuais, Poéticas Artísticas, atuando principalmente nos temas: Estudos Visuais, Crítica Biográfica Cultural, Paisagens Biográficas, Pós-Colonialismo, Estudos Culturais, Memória e Arquivo Culturais, Identidade Cultural, Pesquisas em Artes Visuais, Teorias das Artes Visuais, História da Arte, Arte e Ensino, Literatura/Pintura e Organização de Exposições.

Referências

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Publicado
2017-08-08