ESTÉTICA (ou não) BUGRESCA – ARTE DESCOLONIAL FRONTEIRIÇA – PAISAGENS BIOGEOGRÁFICAS: o que vemos do outro lado da linha que se insinua entre o real e o imaginário
Resumen
A opção descolonial (MIGNOLO, 2003) tem como ponto chave fazer evidenciar a ideia de nos pensar, sujeitos biográficos latino-americanos, para além da ideia de após-colonizados; no entanto, sem deixar de considerar essa condição do sujeito latino com histórico de ex-colônia. Do mesmo jeito, as produções que emergem desse lócus enunciativo latino-americano carecem de um pensamento epistêmico outro que possibilite compreendermos tais produções e artefatos simbólicos como resultados de arte, cultura e conhecimentos que surgem das relações entre os símbolos cotidianos e as cientificidades estabelecidas entre os sujeitos biográficos e os locais enunciativos latino-americanos. Por conseguinte, as relações entre a proposta epistêmica descolonial e os lugares latinos corroboram a minha compreensão da necessidade de fazer emergir dos diferentes lóci enunciativos situados na América Latina, ou em quaisquer outros lugares após-colonizados, uma conceituação específicas – “estéticas”[1] – que se relaciona primeiro com os fazeres, objetos, conhecimentos e símbolos cotidianos dos sujeitos desses lugares.
[1] O termo estética é empregado aqui, por ora, para ilustrar, aos leitores não periféricos, a intenção que tangencia este trabalho. Ou seja, se por um lado tratarei conceitualmente da necessidade de emergir conceitos que tratem mais intimamente das obras simbólicas ou de produção de conhecimentos periféricas, por outro quero que estas reflexões sejam compreendidas em um patamar intelectual igual ou mais amplo que a ilustração conceitual que proporciona aos catedráticos o conceito de estética difundido na cultura mundial pelos discursos hegemônico. A ideia é pensar em um termo conceitual que contemple o pensamento epistêmico de mirada descolonial, sobre as práticas artísticas e artefatos simbólicos como arte e produtores de conhecimentos, dos lugares fora dos eixos que tiveram consolidada a noção de estética que temos na atualidade implantada pelo pensamento epistêmico moderno. Portanto, a ideia do título “ESTÉTICA (ou não) BUGRESCA” já prioriza esta sinalização que aqui será desenvolvida, a priori, para falar em epistemologias, artes, produções artístico-culturais, sujeitos, lugares, ciências, culturas e objetos – tudo no plural – a partir de uma episteme descolonial que visa uma compreensão outra de mundos.
Citas
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. “Paisagens biográficas — Imagens pós-coloniais — Retratos culturais”. In: Grau Zero — Revista de Crítica Cultural, do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, da Universidade do Estado da Bahia, Alagoinhas: Fábrica de Letras, v. 1, n. 1, jan./jun. 2013, p. 249-278.
_____. “BIOGEOGRAFIAS OCIDENTAIS/ORIENTAIS: (i)migrações do bios e das epistemologias artísticas no front”, In: Cadernos de Estudos Culturais: Ocidente/Oriente: migrações. V. 5, n. 15. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2016. (No Prelo)
BRANDÃO, Luis Alberto; MARQUEZ, Renata. “Certa Geografia”. In: HISSA, Cássio E. Viana. (Org.). Conversações: de artes e de ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 151-168. (Humanitas)
GROSFOGUEL, Rámon. “Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós−coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global”. In: Eurozine, p. 1-24. Disponível em: http://www.eurozine.com/articles/2008-07-04-grosfoguel-pt.html - acessado em: 08 de outubro de 2014.
MIGNOLO, Walter. El vuelco de la razón: diferencia colonial y pensamiento fronterizo. 1ª ed.. Buenos Aires: Del Signo, 2011.
MIGNOLO, Walter. “PRIMERA PARTE: Lo nuevo y lo decolonial”. In: GÓMEZ MORENO, Pedro Pablo. Estéticas y opción decolonial/Pedro Pablo Gómez, Walter Mignolo. -- Bogotá: Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2012, p. 20-47.
_____. “Desobediencia Epistémica (II), Pensamiento Independiente y Libertad De-colonial”. In: Otros logos: Revista de Estudios Críticos. Centro de Estudios y Actualización en Pensamiento Político, Decolonialidad e Interculturalidad. Universidad Nacional del Comahue. Año I. Nro. 1, 2010, p. 8-42. Disponível em: http://www.ceapedi.com.ar/otroslogos/Revistas/0001/Mignolo.pdf - acessado em: 25 de julho de 2013.
ORTEGA, Francisco; ZORZANELLI, Rafaela. Corpo em evidência: a ciência e a redefinição do humano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. (Coleção contemporânea: Filosofia, lietaratura e artes)
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter; RIBEIRO, Guilherme. “Partilhando versões sobre ciência e política”. In: HISSA, Cássio E. Viana. (Org.). Conversações: de artes e de ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 197-216. (Humanitas)
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. (Humanitas).
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.