Depois de todas as temáticas abordadas pelos Cadernos de Estudos Culturais (ISSN: 2763-888X) — 1º volume: Estudos culturais (abril de 2009); 2º volume: Literatura comparada hoje (setembro de 2009); 3º volume: Crítica contemporânea (abril de 2010); 4º volume: Crítica biográfica (setembro de 2010); 5º volume: Subalternidade (abril de 2011); 6º volume: Cultura local (dezembro de 2011); 7º volume: Fronteiras culturais (abril de 2012); 8º volume: Eixos periféricos (dezembro de 2012); 9º volume: Pós-colonialidade (abril de 2013); 10º volume: Memória cultural (dezembro de 2013); 11º volume: Silviano Santiago: uma homenagem (abril de 2014); 12º volume: Eneida Maria de Souza: uma homenagem (dezembro de 2014); 13º volume: Povos indígenas (abril de 2015); 14º volume: Brasil\Paraguai\Bolívia (dezembro de 2015); e 15º volume: Ocidente/Oriente: migrações — os CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS voltam-se para ESTÉTICAS PERIFÉRICAS, por entender que o momento presente quebra o poder de uma estética moderna abstrata que imperou e ainda impera na modernidade, propondo, por conseguinte, estéticas outras que, na verdade, já grassavam nas bordas do mundo ocidental. Estéticas do corpo, da rua, das periferias urbanas, das emoções e sentimentos, estéticas das diversidades, estéticas das cidades, estéticas das fronteiras, dos perseguidos e refugiados, entre muitas outras, fazem o desenho de uma imagem e de uma paisagem ainda não contornado pelos saberes da atualidade. Muitas são as teorias contemporâneas que têm proposto discussões que, direto ou indiretamente, contemplam as estéticas do presente. Todavia, se algumas dessas teorias ainda não conseguem se desvencilhar do poder de força da estética moderna, outras teorias mais recentes, como a pós-colonial, por exemplo, vêm desfazendo aquele olhar imperial e abstrato que permaneceu intacto na estética moderna ocidental. As teorias pós-coloniais, subalternas, periféricas e fronteiriças, que não por acaso geralmente emergem das margens da nação moderna, propõem não uma desconstrução da estética moderna, mas, sim, a possibilidade de olhar para os seres e as coisas a partir de uma estética outras, vinculada a sensibilidades locais e biográficas jamais contempladas pela estética moderna. E talvez pelo simples fato de esta estética ter deixado de fora de sua discussão o corpo, por exemplo. Se a razão moderna imperou na estética moderna, nas estéticas periféricas temos a ascensão dos corpos, atravessados por seu saber, seu poder, seu lócus e seu bios. Os CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS (desde 2009), como se pode ver por meio das temáticas publicadas, vêm sinalizando acerca da importância de se privilegiar o que é da ordem da exterioridade do pensamento moderno ocidental. E as Estéticas Periféricas estão na exterioridade do pensamento ocidental moderno. De modo que, o que sabemos delas até este século 21, foi nos mostrado por meio da interioridade da razão ocidental moderna. As Estéticas periféricas não podem ser contempladas pelos discursos acadêmico e disciplinar que prevalecem dentro das academias e dos manuais. Os textos deste volume tratam da importância de se deter na temática proposta, especificamente porque estéticas e epistemologias contemporâneas demandam um descentramento dos postulados discursivos assentados tão somente no olhar acadêmico e disciplinar. Já é um consenso de que há uma plêiade de intelectuais periféricos produzindo ou articulando uma epistemologia outra como forma de, entre outros propósitos, barrar aquelas velhas teorias estetizantes e abstratas ainda declinadas do grego e do latim. Cabe-me a feliz tarefa de agradecer a todos os autores que aceitaram participar deste volume, enriquecendo-o com seu ensaio. Agradeço, também, aos editores-assistentes Marcos Antônio Bessa-Oliveira e José Francisco Ferrari, que não medem esforços para que os CADERNOS venham a público, bem como a todos da COMISSÃO ORGANIZADORA e MEMBROS do NECC. Gratidão traduz o que todos os neccenses sentimos pelos ilustres pesquisadores deste volume, sem os quais a temática proposta não seria possível para a realização deste número que entra para a história da crítica cultural quando o assunto for ESTÉTICAS PERIFÉRICAS.