COM A PALAVRA, O AUTOR – exercícios de crítica biográfica na contemporaneidade
Resumo
Uma releitura de dois textos clássicos sobre a figura do autor – O que é um auttor, de Michel Foucault (1992), e “A morte do autor”, de Roland Barthes (1988) – nos leva a identificar a noção de autor como “o momento forte da individualização” (FOUCAULT, 1992, p. 33) na história das ideias, dos conheci- mentos, das literaturas, da filosofia e das ciências, e a relacionar a “função autor” à emergência do indivíduo moderno. Apesar de a crítica literária moder-na já ter posto em questão o caráter absoluto e o papel fundador do sujeito, 9
quando passou a privilegiar a análise interna da obra em detrimento das refe-
rências biográficas ou psicológicas do autor, Foucault propõe uma retomada dessa questão, não no sentido de restaurar um sujeito originário, mas para analisá-lo como “uma função variável e complexa do discurso”. Supõe que não seja indispensável a permanência da função autor, imaginando uma cultura em que os discursos circulassem e fossem recebidos sem ela, “no anonimato do murmúrio”
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