ESCRITA, TRADUÇÃO e Psicanálise
Resumo
Para dar início à apresentação da experiência do processo de escrita do livro Freud e a judeidade, a vocação do exílio (Fuks, 2000) e da tradução para o inglês, gostaria de começar contando de que modo foi possível construir uma resposta à espinhosa e recorrente questão das marcas da cultura judaica sobre a psicanálise sem cair no vício, tão comum na literatura especializada, de judeizar a psicanálise, psicanalisar o judaísmo ou erigir uma psicobiografiado pai da psicanálise. Em primeiro lugar, a escolha de permanecer fiel à escuta 25
analítica me levou a ler Freud com Freud, isto é, ler-escutar o que disse e
escreveu sobre o tema e acatar seus silêncios foi fundamental aos meus propó- sitos. Somou-se a este procedimento o fato de ter encontrado no conceito de judeidade, introduzido nos estudos sobre a cultura judaica pelo escritor Albert Memmi (1975), uma ferramenta de trabalho precisa. Diferentemente do termo judaísmo - o conjunto das tradições culturais e religiosas; judeidade (judéitté) diz respeito exclusivamente ao fato de sentir-se judeu, ao “modo como cada judeu o é, subjetiva e objetivamente. Trata-se de algo a ser definido e construído, jamais terminado, mesmo que o judaísmo enquanto religião não conte mais para o sujeito. Portanto um devir.
Referências
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