COLONIALIDADE E VIOLÊNCIA NA AMÉRICA LATINA: uma leitura do romance Amuleto, de Roberto Bolaño
Resumo
Este artigo tem como objetivo realizar uma aproximação do conceito de Colonialidade e suas vertentes, de Anibal Quijano, com o romance Amuleto, de Roberto Bolaño. A Colonialidade, enquanto leitura epistêmica da dominação capitalista proposto por Quijano, também pode ser expandido para o campo cultural e, aqui em especial, com a literatura. Amuleto narra à história de Auxilio Lacouture, poetisa uruguaia, que estava radicada no México na década de 1960. Nesse período, o país mexicano foi escolhido como sede dos XIX Jogos Olímpicos, ao mesmo tempo em que uma juventude questionadora saiu às ruas para denunciar a corrupção governamental. O ápice desse embate aconteceu em 1968, quando a Universidad Autónoma do México (UNAM) foi invadida pelo exército e, uma multidão de jovens foi covardemente atacada por snipers, a serviço do governo, na Praça de Três Culturas de Tlatelolco. Esses acontecimentos violentos do México estão no romance de Bolaño, que apresenta as suas reflexões dessa América Latina violentada a partir das memórias de Lacouture que, na ficção, escondeu-se no banheiro da UNAM no momento de sua invasão pelas tropas do exército. A partir dessa provocação, será defendido aqui que a obra Amuleto, tem enredos que dialogam e cruzam com o conceito de Colonialidade de Quijano, no qual a violência e a dominação tornaram-se uma ferida aberta em toda a América Latina.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.