Metodologias Alternativas e suas Vicissitudes: ensino de matemática para engenharias

  • Tânia Cristina Baptista Cabral PUCRS, Porto Alegre

Abstract

Baseando-se em pesquisas publicadas e em documentos oficiais, tanto os produzidos pelo MEC quanto projetos pedagógicos, que sugerem diretrizes para formação de profissionais no ensino superior, este artigo descreve o estado da arte na tentativa de produzir mudanças no ensino tradicional vigente (ETV) que domina os currículos e as práticas pedagógicas das disciplinas de matemática para a área das Ciências Exatas e Tecnológicas (CET). O artigo resume e discute quatro metodologias alternativas ao ETV na áreas das CET, a saber, Resolução de Problemas, Modelação Matemática, Assimilação Solidária e Aprendizagem Baseada em Projetos, e sublinha condições necessárias para que essas alternativas superem as resistências produzidas pela naturalização do ETV.

References

ALMEIDA, L. L. W.; VERTUAN, R. E. Modelagem matemática: encaminhamentos para a sala de aula. Discussões sobre “como fazer” modelagem matemática na sala de aula. In: ALMEIDA, L. L. W.; ARAÚJO, J. de L.; BISOGNIN, E. (Orgs.) Práticas de modelagem matemática na educação matemática: relatos de experiências e propostas pedagógicas. Londrina: Eduel, 2011. (eBook por Kobobooks)

ALVES, F. R. V. e BORGES NETO, H. Aplicação de uma Metodologia de Ensino do Cálculo a Várias Variáveis: o caso do Teorema de Clairaut-Schwarz. In: XIII CIAEM, Recife. Proceedings, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, 2011. Disponível em

http://www.lematec.net.br/CDS/XIIICIAEM/artigos/660.pdf.

AMORIM, L. I. F.; REIS, F. da S. A (re)construção do conceito de limite do cálculo para a análise. In FROTA, M. C. R.; BIANCHINI, B. L.; CARVALHO, A. M. F. T. (Orgs.) Marcas da educação matemática no ensino superior. Campinas (SP): Papirus, 2013.

ARAÚJO, U. F.; SASTRE, G. (Orgs.) Aprendizagem baseada em problemas no ensino superior. São Paulo: Summus, 2009.

ARTIGUE, M.; MENIGAUX, J.; VIENNOT, L. (1990); Some Aspects of Students' Conceptions and Difficulties about Differentials. European Journal of Physics, 11: 262 267.

ARTIGUE, M. Ingénierie diadactique. Recherches en Didactique des Mathématiques, vol. 9/3, 1990.

BALDINO, R. R.; CABRAL, T. C. B. Situations of Psychological Cognitive No-Growth. In: Psychology of Mathematic Education, 29th, 2005a, Melbourne. Proceedings, University of Melbourne: 2005a, v.2, p. 105-112.

BALDINO, R. R.; CABRAL, T. C. B. Inclusion and diversity from Hegel and Lacan point of view: do we desire our desire for change? International Journal of Science and Math Education, Netherlands, p. 1-25, 2005b.

BASSANEZI, R. C. Ensino-Aprendizagem com Modelagem Matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2006.

BESCHERER, C.; SPANNAGEL, C. Design patterns for the use of technology in introductory mathematics tutorials. In: TATNALL, A.; JONES, A. (Eds.). Education and Technology for a better world: Proceedings of the 9th IFIP TC 3 World Conference on Computers in Education, WCCE 2009, Bento Gonçalves. Germany: Springer, 2009. p. 427-435.

BIANCHETTI, L. Da chave de fenda ao laptop. Petrópolis: Vozes, 2001.

BORBA, M. C. e PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2001.

BORBA, M. C.; MALHEIROS, A. P. S.; ZULATTO, R. B. A. Educação a Distância Online. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2007.

BORBA, M. C.; SILVA, R. S. da; GADANIDIS, G. Fases das tecnologias digitais em educação matemática: sala de aula e internet em movimento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

BORGES, M. N.; AGUAIR NETO, B. G. Diretrizes curriculares para os cursos de engenharia: análise comparativa das propostas da ABENGE e do MEC. Revista de Ensino de Engenharia, v.19, n.2, pp.1-7, dez. 2000.

BOTELHO, F. V. U. & VICARI, R. Evaluation of distance course effectiveness – exploring the quality of interactive processes. In Arthur Tatnall & Anthony Jones (Eds.). Education and Technology for a better world. In: 9th IFIP TC 3 World Conference on Computers in Education, WCCE 2009, Bento Gonçalves. Proceedings, Germany: Springer, 2009, p.26-35.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Diretrizes curriculares. Disponível em <http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/resolucao/1102Engenharia.doc >. Acesso em: 20 ago. 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Diretrizes Curriculares de Cursos da Área de Computação e Informática. Disponível em http://www.inf.ufrgs.br/ecp/docs/diretriz.pdf. Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação – CNE. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Engenharia. Parecer CNE/CES 1362/2001, de 12 de dezembro de 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1362.pdf. Acesso em: jul. 2010.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação – CNE. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia. Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf. Acesso em: jul. 2010.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação – CNE. Orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação. Parecer CNE/CES 583/2001, de 04 de abril de 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0583.pdf. Acesso em: jul. 2010.

BROUSSEAU, G. Theory of didactical situations in mathematics: didactique des mathematiques. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1997.

BROUSSEAU, G. Les obstacles epistemologiques et les problemes en Mathématiques. In Recherches en Didactique des Mathématiques, Grenoble: La pensée sauvage, v. 4, n. 2, pp. 165–198, 1983.

CABRAL, T. C. B. Vicissitudes da aprendizagem em um curso de cálculo. 1992. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Instituto de Geociência e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro (SP).

CABRAL, T. C. B. Contribuições da Psicanálise à Educação Matemática. A lógica da intervenção didática em processos de aprendizagem. Tese (Doutorado em Educação) São Paulo: Universidade de São Paulo, USP, 1998.

CABRAL, T. C. B. Affect and Cognition in Pedagogical Transference: A Lacanian Perspective. In: WALSHAW, M. (Org.). Mathematics Education within the Postmodern. Greenwich: Information Age Publishing Inc., 2004, p. 141-158.

CABRAL, T. C. B. Interpretando esquemas de aprendizagem matemática. In: ANDREATTA-DA-COSTA, L.; NIESTZKE, J. A. A educação em engenharia: fundamentos teóricos e possibilidades didático pedagógica. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2012, p. 142-176.

CABRAL, T. C. B.; BALDINO, R. R. Educação matemática conversando com psicanálise. Zetetiké, Campinas, v. 18, 2010, p. 621-652.

CABRAL, T. C. B.; BALDINO, R. R. Formal inclusion and real diversity in an engineering program of a new public university. In: Psychology of Mathematic Education, 28th, 2004, Bergen. Proceedings, University College, 2004, v. 2. p. 175-182.

CABRAL, T. C. B.; CATAPANI, E. Imagens e olhares em uma disciplina de Cálculo em serviço. Zetetiké, Campinas, v. 11, n. 19, 2003, p. 101-116.

CARVALHO, A. M. F. T.; CABRAL, T. C. B. Teacher and students: setting up the transference. For the Learning of Mathematics, Kingston, v. 23, n. 2, p. 11-15, 2003.

CATAPANI, E. C. Alunos e professores em um curso de Cálculo em serviço: o que querem? 2001. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.

CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sábio al saber enseñado. Argentina: AIQUE, 1997, 196 p.

CORNU, B. Limits. In: TALL, D. (Ed.) Advanced Mathematical Thinking, Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1991, p. 153-165.

CRITERIA for accrediting engineering programs. Disponivel em <http://www.abet.org/ images/eac_criteria_b.pdf >. Acesso em: 27 out. 2001.

CURY, H. N. Análise de erros: o que podemos aprender com as respostas dos alunos. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

CURY, H. N. Pesquisas em análise de erros no ensino superior: retrospectiva e novos resultados. In: FROTA, M. C. R.; NASSER, L. (Orgs.). Educação Matemática no ensino superior: pesquisas e debates. Recife: SBEM, 2009. p. 223-238.

CURY, H. N. Diretrizes curriculares para os cursos de engenharia e disciplinas matemáticas: opções metodológicas. Revista de Ensino de Engenharia, v. 20, n.2, p. 1-7, dez. 2001.

DOUADY, R. Jeux de Quadres et dialectique outil object. Recherches en Didactique des Mathématiques, vol. 7, n. 2, p. 5-31, 1986.

DUBINSKI, E.; McDONALD, M. A. APOS: A constructivist theory of learning in undergratuate mathematics education research. Disponível em http://www.math.wisc.edu/~wilson/Courses/Math903/ICMIPAPE.PDF. Acesso em abril 2015.

ENEMARK, S.; KJAERSDAM, F. A ABP na teoria e na prática: a experiência de Aalborg na inovação do projeto no ensino universitário. In: ARAÚJO, U. F.; SASTRE, G. (Orgs.) Aprendizagem baseada em problemas no ensino superior. São Paulo: Summus, 2009, p. 17-41.

FERREIRA, R. S. Tendências curriculares na formação do engenheiro do ano 2000. In: LINSINGEN, I v. et al. (Org.) Formação do Engenheiro: desafios da atuação docente, tendências curriculares e questões contemporâneas da educação tecnológica. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.

FROTA, M. C. R. Ambientes que favorecem a visualização e a comunicação em cálculo. In FROTA, M. C. R.; BIANCHINI, B. L.; CARVALHO, A. M. F. T. (Orgs.) Marcas da educação matemática no ensino superior. Campinas (SP): Papirus, 2013. – (Coleção Perspectivas em Educação Matemática).

FROTA, M. C. R.; NASSER, L. (Org.) (2009); Educação Matemática no ensino superior: pesquisas e debates. Recife: SBEM, 2009.

GONÇALVES, D. C.; REIS, F. da S. Atividades investigativas de aplicações das derivadas utilizando o GeoGebra. BOLEMA, v. 27, n. 46, p. 417-432, ago. 2013.

HOWSON, A. G. et al. Mathematics as a service subject. In: CLEMENTS, R.R. et al. (Eds.). Selected papers on the teaching of mathematics as a service subject. New York: Springer-Verlag, 1988. p. 1-16.

LACAN, J. O seminário de Jacques Lacan. Livro II: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954–1955). Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

LACAN, J. O seminário de Jacques Lacan. Livro XI: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

LACHINI, J.; LAUDARES, J. B. (Org.) Educação Matemática: a prática educativa sob o olhar de professores de Cálculo. Belo Horizonte: FUMARC, 2001.

LAUDARES, J. B.; LACHINI, J. O uso da Matemática em cursos de Engenharia da perspectiva dos docentes de disciplinas técnicas. Revista de Ensino de Engenharia, v. 24, n. 1, p. 39-45, 2005.

MENESTRINA, T. C.; MORAES, A. F. Alternativas para uma aprendizagem significativa em engenharia: curso de matemática básica. Revista de Ensino de Engenharia, v. 30, n. 1, p. 52-60, 2011.

MEYER, J. F. da C. A.; CALDEIRAS, A. D.; MALHEIROS, A. P. dos S. Modelagem em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

MEYER, J. F. da C. A.; SOUZA JUNIOR, A. J. Tecnologias da informação e educação na universidade: a produção coletiva dos professores de matemática. In: FROTA, M. C. R.; NASSER, L. (Orgs.). Educação Matemática no ensino superior: pesquisas e debates. Recife: SBEM, 2009. p. 253-265.

ONUCHIC, M. L. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M. A. V. (Org.) Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999, p. 199-220.

ONUCHIC, M. L.; ALLEVATO, N. S. G. Pesquisa em Resolução de Problemas: caminhos, avanços e novas perspectivas. Rio Claro: BOLEMA, v. 25, n. 41, p. 73-98, 2011.

PASSOS, F. J. V. et al. Programa de tutoria: uma esperança. In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 29., 2001, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: PUCRS, 2001. CD.

PEDROSO, M. C.; KRUPECHACKE, J. E.; Análise de alternativas para recuperação de fundamentos de matemática no ensino de cálculo em cursos de engenharia. In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, Anais, Recife, 2009. Disponível em http://www.abenge.org.br/cobenges-anteriores/2009/2009--xxxvii-cobenge-recife-pe.

PICHON-RIVIÈRE, E. El proceso grupal. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1980.

POLYA, G. How to solve it: a new aspect of mathematical method (With a new foreword by John Conway). Princeton: Princeton University Press, 2004. (eBook por Kobobooks)

REZENDE, W. M. O Ensino de Cálculo: dificuldades de natureza epistemológica. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-27022014-121106/>. Acesso em: 2012-11-10.

SCHOENFELD, A. Reflections on Problem Solving Theory and Practice. Montana: The Mathematics Enthusiast, Vol. 10, n.1&2, pp. 9-34, 2013.

SELDEN, A.; SELDEN, J. Proof and problem solving at university level. Montana: The Mathematics Enthusiast, Vol. 10, n.1&2, pp. 303-334, 2013.

SILVEIRA, M. A. A formação do engenheiro inovador: uma visão internacional. Rio de Janeiro, PUC-Rio, Sistema Maxwell, 2005.

SOARES, E. M. do S. Experiências na construção de ambientes virtuais de aprendizagem. In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 1999, Natal. Anais. p. 2686-2692.

SOARES DE MELLO, M. H. C.; SOARES DE MELLO, J. C. C. B. Reflexões sobre o Ensino de Cálculo. In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2007, Curitiba. Anais. Disponível em http://www.abenge.org.br/cobenges-anteriores/2007/2007--xxxv-cobenge-curitiba-pr.

TALL, D. Cognitive Growth in Elementary and Advanced Mathematical Thinking. In: Meira, L & Carraher, D. (Eds.): Proceedings of the 19th PME Conference, v.1, p. 61 75, 1995

TALL, D. (Ed.) Advanced Mathematical Thinking. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1991.

TANAKA, J. S.; CAPELA, M. V.; CAPELA, J. M. V. Uso de Softwares de Domínio Público nas aulas de Cálculo Diferencial e Integral. In XXXIV Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional, 2012, Águas de Lindóia (SP). Anais. Disponível em http://www.sbmac.org.br/eventos/cnmac/xxxiv_cnmac/pdf/549.pdf

VERGNAUD, G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des Mathématiques, vol. 10/2 , 133-170, 1990.

VINNER, S.; DREYFUS, T. Images and Definitions for the Concept of Function. Journal for Research in Mathematics Education, 20(4), p. 356 366, 1989.

WALSHAW, M.; CABRAL, T. C. B. Reviewing and thinking the affect/cognition relation. In: Psychology of Mathematic Education, 29th, 2005, Melbourne. Proceedings, University of Melbourne, 2005, v. 4, p. 297-303.

WEIGEND, M. Applying informatics knowledge to create 3D worlds. In Arthur Tatnall & Anthony Jones (Eds.). Education and Technology for a better world. In: 9th IFIP TC 3 World Conference on Computers in Education, WCCE 2009. Proceedings, Germany: Springer, 2009, p.178-186.

WILKINSON, J.; MATTHEW, B.; EARNSHAW, H. Engineers need mathematics but can we make it interesting? In: International Conference on Engineering Education, 2001, Oslo. Proceedings. Oslo, Noruega, Aug. 2001. CD.

ZUCHI, I. A integração de ambientes tecnológicos no ensino: uma perspectiva instrumental e colaborativa. In: FROTA, M. C. R.; NASSER, L. (Orgs.), Educação Matemática no ensino superior: pesquisas e debates. Recife: SBEM, 2009, p. 239-252.

Published
2015-12-16
How to Cite
CABRAL, T. C. B. Metodologias Alternativas e suas Vicissitudes: ensino de matemática para engenharias. Perspectivas da Educação Matemática, v. 8, n. 17, 16 Dec. 2015.