Discute-se preconceito linguístico no ENEM?
Uma verificação das questões do Exame Nacional do Ensino Médio de 2015 a 2020
Resumo
Percebe-se a prova do ENEM como uma oportunidade de os estudantes entrarem em contato com discussões sobre o preconceito linguístico, que permanece quase invisível e é pouco discutido na sociedade. Por isso, o objetivo principal deste trabalho é verificar a presença ou ausência do tema de preconceito linguístico nas questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias em língua portuguesa das provas do ENEM dos anos de 2015 a 2020. Com base na legislação nos documentos da educação brasileira que indicam que é preciso uma discussão sobre esse tipo de preconceito, a prova do ENEM deve abordar temas sociais e linguísticos. Foi adotada a metodologia de levantamento e análise de assuntos das questões selecionadas com base em três critérios. Foram analisadas 14 provas e um total de 546 questões. Porém as questões verificadas como tendo relação ao tema do preconceito linguístico somaram somente 25, o que dá um percentual de aproximadamente 4,6% do total de questões analisadas. Os resultados apontam que, conforme indicado pela teoria, o preconceito linguístico nas provas do ENEM é abordado em pequena quantidade e não diretamente. Apesar disso, os participantes têm, de certa forma, acesso à discussão sobre preconceito linguístico através das questões do ENEM.Referências
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