Uma Proposta de Ensino Semiótico-Comparativo com Esquetes

Segredo, de Porta dos Fundos, e Secreto, de Backdoor

Palavras-chave: Ensino Semiótico-Comparativo, Porta dos Fundos, Backdoor, Coerções do contexto, Plano da expressão

Resumo

O grupo brasileiro de esquetes audiovisuais, Porta dos Fundos, em 2019, inicia um projeto de internacionalização com a criação do grupo Backdoor no México. Boa parte dos roteiros é adaptada entre os contextos/culturas locais de ambos os grupos. Criação e adaptação advêm de um discurso, do qual, no processo gerativo das formas de enunciados, temos acesso, apenas, aos seus simulacros pela manifestação do texto (FONTANILLE, 2008). Um estudo semiótico-comparativo, portanto, faz-se justificado pelo teor de atualização das práticas, tendo em vista que são recentes a transposição do gênero esquete do teatro para o audiovisual, e o compartilhamento e as adaptações sobre os roteiros. Nesse sentido, o objetivo geral desse artigo foi investigar possíveis coerções do contexto sobre o plano da expressão em duas versões de um esquete audiovisual, a partir da hipótese de que se uma parte, embora pequena, desses esquetes não é adaptada, isso se deveria, principalmente, às implicações culturais e situacionais gerando ressonâncias nas formas expressivas. Como procedimentos metodológicos, utilizou-se das práticas da semiótica tensiva (Idem), bem como, na fundamentação teórica, seu estudo constitui-se como eixo principal (FONTANILLE, 2005; 2008; SARAIVA, 2005; SCHWARTZMANN, 2012; GREIMAS, 2014). Apareceram, sobre as versões brasileira e mexicana, ressonâncias culturais de uma objetividade dessa versus uma cortesia daquela, assim como, dissimulação na primeira e animação elevada na segunda.

Biografia do Autor

Vitor Pereira Gomes, FCLAr-uneso; IFSP

É doutorando em Linguística e Língua Portuguesa na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP. Atua como professor substituto no IFSP.

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Publicado
2021-12-17