Oficinas literárias temáticas:
uma metodologia para a formação do leitor literário e a implementação da interdisciplinaridade no Ensino Fundamental – anos finais
Resumo
No presente artigo busca-se evidenciar como o ensino da literatura, no Ensino Fundamental, pode ser abordado desde uma perspectiva crítica, ampliando as leituras comuns e correntes com produções mais contemporâneas de cunho híbrido, crítico e descolonizador. Essas obras da literatura para jovens leitores, que são denominadas narrativas híbridas de história e ficção, aproximam-se do romance histórico contemporâneo de mediação (FLECK, 2017), o qual tem como premissa recontar a história a partir de visões periféricas. Nesse intuito, apresenta-se uma análise da obra Os estrangeiros (2012), de Marconi Leal, a fim de demonstrar que ela contempla as características comuns dessa modalidade do romance híbrido que, por apresentar os fatos históricos a partir da voz de personagens relegadas à margem do discurso historiográfico tradicional, contribui com outros saberes e com novos olhares para o nosso passado colonial. Também, com base na interdisciplinaridade (MENDOZA FILLOLA, 1994), sugere-se uma proposta didática de “Oficina Literária Temática”, na qual se utiliza a narrativa de Leal (2012), em diálogo com outras textualidades que versam sobre a temática da colonização, com ênfase na atuação dos padres Jesuítas. Conclui-se, a partir deste estudo, que o trabalho interdisciplinar – em especial nos possíveis diálogos entre história e literatura, contribui para a formação de leitores literários mais bem instruídos a respeito do seu passado de subjugação aos europeus e da manipulação da linguagem, enquanto instrumento ideológico de dominação.
Referências
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