Colonização do campo, maternidade e antropoceno:
alegorias políticas em Distância de Resgate
Resumo
O presente artigo discute a obra Distância de Resgate, de Samanta Schweblin, a partir de uma perspectiva de leitura hermenêutica que lê o romance como uma alegoria política, mostrando como o estilo particular de Schweblin apresenta uma contribuição para o gênero do fantástico moderno. O objetivo é entender como Schweblin realiza em seu romance um diálogo com o gênero fantástico ao passo em que também reflete sobre diversas questões, como a maternidade, a colonização do campo e o antropoceno, utilizando para isso o método de interpretação alegórica em quatro níveis desenvolvido por Fredric Jameson. Apresenta portanto a ideia de que Schweblin cria uma narrativa que lida tanto com problemas morais (a maternidade), quanto coletivos (a contaminação da zona rural Argentina por agrotóxicos, a destruição do meio-ambiente) a partir de tropos e recursos do gênero fantástico moderno, ao mesmo tempo em que o gênero é problematizado pelo narrador que tensiona o narrado por meio de perguntas sobre o que é ou não importante dentro do relato.
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