A celebração da diferença

ressignificação terena de rituais e festividades

  • Iara Quelho Castro Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Palavras-chave: História Indígena, Tradição, Ressignificação cultural

Resumo

Este artigo foi desenvolvido a partir do relatório apresentado ao Programa de Iniciação Científica  2016/2017, apresentando como objeto os rituais e festividades tidos como tradicionais entre os Terena de Mato Grosso do Sul, considerando-se que constituem um campo fértil para a problematização das noções de tradição e cultura, largamente utilizadas nos discursos de defesa dos direitos indígenas.Trabalha-se a hipótese de que é por meio do processo de ressignificação cultural que os contemporâneos povos indígenas atualizam e buscam legitimar sua forma de atuação no interior da sociedade nacional. Em um conturbado cenário de relações interétnicas e de lutas pela terra, os Terena exibem performances ritualísticas e festivas evocadas como tradição e sinal de sua indianidade. Apartir desses pressupostos buscou-se discutir essa dimensão da história do grupo, dialogando-se com os novos sentidos atribuídos às atividades culturais consideradas tradicionais, por meio do estudo da literatura etnográfica. Apresenta como orientação teórica e metodológica a abordagem da nova História Indígena, situando-se os indígenas como protagonistas de sua própria história. Conclui-se que os Terena ressignificam sua dança e performances  xamanísticas em suas lutas de defesa dos seus direitos, sobretudo daqueles que se referem aos seus territórios, ainda em disputa. Nas manifestações públicas exibem seus ornamentos de guerra e as rezas de seus xamãs, em um movimento de atualização de suas pautas culturais.

 

 

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Biografia do Autor

Iara Quelho Castro, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Possui graduação em Historia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul , Especialização em História da América , Mestrado em Historia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Doutorado em Ciências Sociais (Etnologia Indígena) pela UNICAMP. Atualmente é professora associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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Publicado
2020-05-04
Como Citar
CASTRO, I. Q. A celebração da diferença. albuquerque: revista de história, v. 11, n. 22, p. 150-165, 4 maio 2020.