“Era tudo nosso”: arqueologia do colonialismo e da resistência na Terra Indígena Lalima, Miranda/MS.

  • Eduardo Bespalez UNIR

Resumo

A Terra Indígena Lalima, situada em Miranda/MS, ocupada pelos Guaikuru, Terena, Kinikinao e Laiana, enfrenta muitos problemas sociais por causa do colonialismo. Em termos históricos e culturais, destacam-se as questões geradas pelo processo de formação territorial, principalmente a usurpação do território tradicional e a superpopulação no território atual. As pesquisas arqueológicas e etnoarqueológicas em Lalima resultaram no estudo de contextos arqueológicos das tradições Pantanal, Guarani, Guaikuru e Terena, e das informações etnográficas de caráter etno-histórico contida na memória da comunidade, sobretudo em relação à paisagem e ao território. Este artigo explora o papel recursivo dos contextos arqueológicos em relação às demandas territoriais da comunidade, com o objetivo de legitimar as reivindicações indígenas por melhores condições de existência.

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Biografia do Autor

Eduardo Bespalez, UNIR
Doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, docente do Departamento de Arqueologia do Núcleo de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondônia.

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Publicado
2018-04-07
Como Citar
BESPALEZ, E. “Era tudo nosso”: arqueologia do colonialismo e da resistência na Terra Indígena Lalima, Miranda/MS. albuquerque: revista de história, v. 9, n. 18, 7 abr. 2018.
Seção
Dossiê História Indígena: o campo interdisciplinar renovado