RETRATOS EM MOVIMENTO NA OBRA contínua de Herberto Helder
Resumo
Gallimard, editor da obra de Proust, relatou um dia que os hábitos de revisão do memorialista francês perante os originais levavam os tipógrafos à loucura. As margens das folhas eram sempre devolvidas preenchidas por um novo material, e os erros e lapsos gráficos passavam despercebidos uma vez que o que era imperativo para o autor eram as lembranças, e estas, como agudamente demonstrou Walter Benjamin num ensaio seminal, de 1929, eram regidas pela lei do esquecimento. Idealizava a sua obra em um único volume, sem parágrafos, com colunas duplas, posto que “a unidade do texto está apenas no acttus purus da própria recordação, e não na pessoa do autor, e muito menos na ação” (Benjamin, 1994, p. 37).Referências
AGAMBEN, Giorgio. Barttleby: escrita da potência. “Bartleby, ou Da Contingência” seguido de Bartleby, O Escrivão de Herman Melville. Edição de Giorgio Agamben e Pedro A.H. Paixão. Lisboa: Assírio&Alvim, 2007 a.
Sabrina Sedlmayer
Cadernos de Estudos Culturais
Cadernos de estudos culturais, Campo Grande, MS, v. 2, n. 4, p. 165 – 172, jul./dez. 2010.
BENJAMIN, Walter. “A imagem de Proust”. Obras escolftidas. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.Tradução de Sérgio Paulo Rouanet; prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. 7 ed. São Paulo: Brasiliense: 1994.
HELDER, Herberto. Pftottomatton & vox. 3 ed. Lisboa: Assírio & Alvim, 1995. LOPES, Silvina Rodrigues. Litterattura, defesa do attritto. Lisboa: Vendaval, 2003.
LOPES, Silvina Rodrigues. “Investigações poéticas do terror”. Diacríttica- Revista do Centro de Estudos Humanos. Série Ciências da Literatura. Número 23/3. Universidade do Minho, 2009. http:// ceh.ilch.uminho.pt. Acesso em 27 de setembro de 2010.
PIMENTEL, Diana. Ver a voz, ler o rostto. Uma polaróide de Herberto Helder. Autores da Madeira. Ensaios. 2007. Campo das Letras –Editores, S.A., 2007.
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