Com a Palavra, a Criança: conversas na sala de aula de inglês que (trans)formam
Resumo
Quando falamos sobre educação linguística em línguas estrangeiras com crianças, ainda há muito o que se discutir em relação a (a ausência de) documentos orientadores, regulamentação curricular, formação docente, entre outras questões (XXXX, 2018; XXXX, 2019). Faz-se relevante salientar, porém, que avanços nesse cenário vêm ocorrendo, especialmente nas últimas duas décadas, sobretudo quanto à formação docente e ao aumento de pesquisas relacionadas ao tema (ROCHA, 2006; TONELLI; PÁDUA; OLIVEIRA, 2017; TONELLI; KAWACHI-FURLAN, 2021, entre outras), conforme mapeamento do Grupo de Pesquisa Formação de Professores e Ensino de Línguas para Crianças (FELICE), com base na Universidade Estadual de Londrina. Esses estudos têm gerado reflexões que nos permitem compreender que teorias basilares em educação e em linguística aplicada, tais como a educação crítica freireana (FREIRE, 1996; 1997) e a translinguagem (CANAGARAJAH, 2017; YIP; GARCÍA, 2018; MACIEL; ROCHA, 2020), podem nos auxiliar nas práticas em sala de aula ao propor uma educação linguística com crianças de forma horizontal e dialógica (MONTE MÓR; NASCIMENTO, 2020). Em nossas práticas pedagógicas, percebemos que esse diálogo envolve um processo de escuta atenta (ARAGÃO, 2018), que não somente abre espaço para que as crianças assumam seu papel de sujeitos ativos no processo de construção de conhecimento (LÓPEZ-GOPAR, 2019), como também permite que nos formemos como educadoras enquanto educamos (FREIRE, 1996), na medida em que construímos conhecimentos acerca de nossa formação docente a partir da voz das crianças. Com isso em mente, lançamos um olhar autoetnográfico (MULIK, 2021) sobre nosso fazer docente e relatamos histórias de sala de aula que têm nos (trans)formado, provocando rupturas significativas em nosso fazer pedagógico, estimulando-nos a (re)pensar teorias, práticas e até mesmo a própria língua, colaborando com nossa práxis educacional em língua inglesa com as crianças.
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