Da ficção ao real: a memória na narrativa de Antonio Muñoz Molina
Resumo
Nos anos de 1980, o escritor espanhol Antonio Muñoz Molina (Úbeda, Jaén, 1956) alcançou o reconhecimento de público e crítica com a publicação de três narrativas inspiradas na estética dos romances policial, de intriga e de espionagem, gêneros nos quais prevalece a engenhosidade de tramas urdidas para prender a atenção do leitor e surpreendê-lo a cada reviravolta. No início dos anos 1990, o autor inova com a publicação de um romance em que ficcionaliza as próprias memórias, questionando as fronteiras que separam a ficção e o real. Desde então, a produção narrativa moliniana demonstra, num crescente, um compromisso ético com a memória do outro e sua transmissão por meio da escrita literária. Este artigo tem por objetivo explorar a dialética entre a ficção e o real na escrita memorialística de Muñoz Molina, levantando as aparentes contradições em seus discursos literários e não literários, na tentativa de entender as concepções do autor sobre a ficção, a memória e o realismo literário.
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