Narrativas Autobiográficas e Pesquisa em História da Educação Matemática: notas metodológicas
Resumo
Este artigo focaliza aspectos metodológicos da pesquisa em História da Educação Matemática com o uso de narrativas autobiográficas. São abordadas as relações entre História e narrativa, as potencialidades e o papel das narrativas autobiográficas no movimento de renovação historiográfica a partir dos anos 1970, e as contribuições das narrativas autobiográficas, advindas da História Oral ou de textos escritos autorreferenciais, para as investigações em História da Educação Matemática. Finalmente, discutem-se alguns parâmetros teórico-metodológicos necessários para conduzir esses estudos.
Referências
ABRAHÃO, M. H. M. B (org.). A aventura (auto)biográfica: teoria e empiria. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
ALBERTI, V. Histórias dentro da História. In: PINSKY, C. B. (org.). Fontes históricas. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
ASSIS, J. M. M. de. Obra completa em três volumes, v.1. Rio de Janeiro, Aguilar, 1971.
BÚRIGO, E. Z. Marcel Proust e as reminiscências de um mau aluno. Zetetiké (Campinas). No prelo, 2015.
BRUNER, J. The narrative construction of reality. Critical Inquiry, v. 18, n. 1, p. 1-21, 1991. Tradução de Waldemar Ferreira Neto. Disponível em http://worldroom.tamu.edu/Workshops/CommOfRespect07/StoryTelling/The%20Narrative%20Construction%20of%20Reality.pdf. Acesso em 21 ago 2015.
CARNEIRO, R. F.; PASSOS, C. L. B. Concepções de matemática de alunas-professoras dos anos iniciais. Educação e Realidade (Porto Alegre), v. 39, n. 4, p. 1113-1133, 2014.
CORDEIRO, V. M. R.; SOUZA, E. C. de. (orgs.). Memoriais, literatura e práticas culturais de escrita. Salvador: EDUFBA, 2010.
FIORENTINI, D. Uma história de reflexão e escrita sobre a prática escolar em matemática. In: FIORENTINI, D.; CRISTOVÃO, E. M. (Org.). Histórias e Investigação de/em Aulas de Matemática. Campinas: Alínea, 2006.
GARNICA, A. V. M.; FERNANDES, D. N.; SILVA, H. da. Entre a amnésia e a vontade de nada esquecer: notas sobre regimes de historicidade e história oral. Bolema (Rio Claro), v. 25, n. 41, p. 213-250, 2011.
GARNICA, A. V. M (Org.). Cartografias Contemporâneas: Mapeando a Formação de Professores de Matemática no Brasil. 1ed. Curitiba: Appris, 2014.
GARNICA, A. V. M. O pulo do sapo: narrativas, história oral, insubordinação e educação matemática. In: D’AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. Vertentes da subversão na produção científica em Educação Matemática. Campinas: Mercado de Letras, 2015, p. 181-206.
GIANI, L. M. C. Concepções de Professores de Matemática: considerações à luz do processo de escolha de livros-texto. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2004.
GINO, A. S. Um estudo sobre as contribuições de um curso de formação continuada a partir das narrativas de professoras que ensinam Matemática. 2013. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
GLUSBERG, J. La escritura de la memória. In: La situación autobiográfica. Buenos Aires: Corregidor, 1995, p. 91-106.
GOMES, A. C. de. Escrita de si, escrita da História: a título de prólogo. In: GOMES, Angela de Castro. (org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2004, p.7-24.
GOMES, A. C. de. Nas malhas do feitiço: o historiador e os encantos dos arquivos privados. Estudos Históricos (Rio de Janeiro), n. 21, p. 121-127, 1998.
GOMES, M. L. M. Educação matemática na escola de primeiras letras do final do século XIX: a escrita autobiográfica de Humberto de Campos. Trabalho submetido ao III CIHEM-Congresso Ibero-Americano de História da Educação Matemática, 2015.
GOMES, M. L. M. Escrita autobiográfica e história da educação matemática. Bolema. Boletim de Educação Matemática (Rio Claro), v. 26, p. 105-138, 2012.
GOMES, M. L. M. Formação e atuação de professores de Matemática, testemunhos e mapas. In: GARNICA, A. V. M (Org.). Cartografias Contemporâneas: Mapeando a Formação de Professores de Matemática no Brasil. 1ed. Curitiba: Appris, 2014, p. 11-38.
GOMES, M. L. M. Potencialidades da literatura como fonte para a História da Educação Matemática: a obra de Pedro Nava. Bolema. Boletim de Educação Matemática (Rio Claro), v. 21, p. 89-110, 2008.
LARROSA, J. Notas sobre narrativa e identidad (A modo de presentación). In: ABRAHÃO, M. H. M. B (org.). A aventura (auto)biográfica: teoria e empiria. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 11-22.
MEGID, M. A. B. A; FIORENTINI, D. Formação docente a partir de narrativas de aprendizagem. Interacções (Coimbra), v. 7, p. 178-203, 2011.
MIGUEL, A.; MIORIM, M. A.; BRITO, A. J. History of Mathematics Education in Brazil. In: UNESCO (Org.). Encyclopedia of Life Support Systems (EOLSS). Oxford: UNESCO, 2013, v.1, p. 1-55.
MIGUEL, A. O que dizem os estudos já elaborados sobre a emergência da história da educação matemática no Brasil?. In: VALENTE, W. R. (Org.). História da educação Matemática no Brasil: problemáticas de pesquisa, fontes, referências teórico-metodológicas e histórias elaboradas. 1ed. São Paulo: Livraria Editora da Física, 2014, p. 30-45.
NACARATO, A. M. A formação matemática das professoras das séries iniciais: a escrita de si como prática de formação. Bolema, Rio Claro, v.23, n.37, p. 905-930, 2010.
NACARATO, A. M.; PASSEGGI, M. da C. Narrativas autobiográficas produzidas por futuras professoras: representações sobre a matemática escolar. Revista Educação PUC-Campinas, v. 18, n.3, p. 287-299, 2013.
NACARATO, A. M.; PASSOS, C. L. B.; SILVA, H. da. Narrativas na pesquisa em Educação Matemática: caleidoscópio teórico e metodológico. Bolema (Rio Claro), v. 28, n. 49, p. 701-716.
NAVA, P. da. Balão Cativo. Cotia: Ateliê Editorial; São Paulo: Giordano, 2000.
NUNES, B. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1988.
PASSOS, C. L. B.; GALVÃO, C. Narrativas de Formação: investigações matemáticas na formação e na atuação de professores. Interacções (Portugal), v. 18, p. 76-103, 2011.
PESAVENTO, S. J. História & História Cultural. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
PRADO, G. do V. T.; SOLIGO, R. (orgs.). Porque escrever é fazer história: revelações, subversões e superações. Campinas: Alínea, 2007.
RICOEUR, P. Tempo e narrativa. v.1. A intriga e a narrativa histórica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
ROSA, E. A. C. Professores que ensinam matemática e a inclusão escolar: algumas apreensões. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2014.
SARLO, B. Tempo passado, cultura da memória e guinada subjetiva. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
SILVA, H. da. Integrando história oral e narrativas a abordagens pedagógicas problematizadoras na formação inicial de professores de matemática. Revista Educação PUC-Campinas, v. 18, n.3, p. 269-285, 2013.
SILVA, H. da; BARALDI, I. M.; GARNICA, A. V. M. Sentidos para a pesquisa com narrativas (em Educação Matemática). In: FLORES, C. R.; CASSIANI, S. (org.). Tendências contemporâneas nas pesquisas em Educação Matemática e Científica: sobre linguagens e práticas culturais. Campinas: Mercado de Letras, 2013, p. 61-89.
SOUZA, L. A. de.; GARNICA, A. V. M. Movimentos de um Movimento: um estudo sobre os significados atribuídos ao escolanovismo e seus ritmos. Educação Matemática Pesquisa (São Paulo), v.14, n.3, p. 481-506, 2012.
SOUZA, L. A.; GARNICA, A. V. M. As matemáticas modernas: um ensaio sobre os modos de produção de significado ao(s) movimento(s) no ensino primário brasileiro. Revista Latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa (Cidade do México), v. 16, p. 369-393, 2013.
SOUZA, M. C. C. C. de. A escola e a memória. Bragança Paulista: IFAN-CDAPH, Editora da Universidade São Francisco/EDUSF, 2000.
STAROBINSKI, J. A literatura: o texto e seu intérprete. In Le Goff, J. & Nora, P. História: novas abordagens (org.). Tradução de Henrique Mesquita. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976, p. 132-143.
STAROBINSKI, J. Le style de l’autobiographie. In Starobinski, J. La relation critique : l’oeil vivant II. Paris: Gallimard, 1970, p. 83-99.
TIZZO, V. S. A História Oral como um Recurso Didático-Pedagógico na Disciplina Política Educacional Brasileira de um Curso de Licenciatura em Matemática. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2014.
VIEIRA, G. M. Professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Livros Didáticos de Matemática. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2013.
VIANNA, C. R. Sem título. In: GARNICA, A. V. M (Org.). Cartografias Contemporâneas: Mapeando a Formação de Professores de Matemática no Brasil. 1ed. Curitiba: Appris, 2014, p. 67-85.
VIÑAO, A. Las autobiografías, memorias y diarios como fuente histórico-educativa: tipología y usos. Teias: Revista da Faculdade de Educação da UERJ, n.1. Rio de Janeiro: UERJ-Faculdade de Educação, 2000, p.82-97.
ZAQUEU, A. C. M. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID): um estudo de caso a partir da perspectiva de bolsistas e ex-bolsistas. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2014.