Programa Etnomatemática e Estudos Surdos: interlocuções na Educação Estatística de alunos surdos em uma escola pública inclusiva
Resumo
Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de mestrado, de cunho qualitativo, cujo objetivo foi desvelar contribuições de atividades voltadas à Educação Estatística em uma sala de aula inclusiva, composta por alunos surdos e ouvintes, tendo como aporte teórico os Estudos Surdos e o Programa Etnomatemática. Os sujeitos foram estudantes de uma turma de terceiro ano de uma escola pública de Minas Gerais, dos quais oito eram surdos. As atividades forma desenvolvidas ao longo de treze encontros que foram videogravados. Questionários, entrevistas, diário de campo e registros documentais de cada encontro forma utilizados para coletar dados. Os resultados mostraram que as atividades contribuíram para melhorar os conhecimentos dos estudantes em estatística, gerar reflexões acerca da dimensão política do processo de inclusão mas, para além disso, que a dimensão humana da educação, muitas vezes negligenciada, pode contribuir para que todos os estudantes, sobretudo aqueles com deficiência, se tornem cidadãos não invisíveis.
Referências
CAMPOS, C. R., WODEWOTZKI, M. L. L, JACOBINI, O.R. Educação Estatística: teoria e prática em ambientes de modelagem matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
D’AMBROSIO, U. A transdisciplinaridade como uma resposta à sustentabilidade. Revista Terceiro Incluído: Transdisciplinaridade & Educação Ambiental, v. 1, n. 1, p. 1-13, 2011.
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2001.
FRYDRYCH, L. O estatuto linguístico das línguas de sinais: a libras sob a ótica saussuriana. Dissertação de mestrado. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2013.
GALLAUDET, E. M. The Milan Convention. American Annals of the Deaf, v.26. pp. 1-16, 1881
MOURA, M. C.; LODI, A. C. B.; HARRISON, K. M. R. História e educação: o surdo, a oralidade e o uso de sinais. In LOPES FILHO, O. C. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo, SP: Roca, 1997. pp. 327-357.
PICOLI, F. D. C. Alunos/as surdos/as e processos educativos no âmbito da educação matemática: problematizando relações de exclusão/inclusão. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas). Lajeado, RS: Centro Universitário Univates, 2010.
QUADROS, L. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre, RS: Artmed, 2004.
QUADROS, R. M.; CAMPELLO, A. R. S. Constituição política, social e cultural da língua brasileira de sinais. In: VIEIRA-MACHADO, L. M. C.; LOPES, M. C. (Org.). Educação de surdos: políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda, 1ed. Santa Cruz/RS: EDUNISC, 2010. p. 1547.
QUADROS, R. M.; PERLIN G. T. T. Estudos Surdos II. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2007.
SASSAKI, R. K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, v. 5, n. 24, p. 6-9, 2002.
SILVA, M. D. P. Marcas eugênicas na educação de surdos no século XIX. Dissertação de Mestrado em Educação. 197 p. Faculdade de Educação. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, 2015.
SKLIAR, C. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre, RS: Mediação, 2010.
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2008.