OS PRONOMES PESSOAIS (EU E MIM) NAS CAPITAIS BRASILEIRAS A PARTIR DOS DADOS DO PROJETO ALiB
Resumo
Este estudo busca identificar e analisar como os informantes das capitais brasileiras empregam os pronomes pessoais, eu e mim, obtidos como respostas dadas à questão 23. EU/MIM do Questionário Morfossintático (QMS) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil, assim formulada: Alguém pede para você/ o/(a) senhor (a) fazer uma tarefa. Mas outra pessoa acha que a tarefa era para ela. Então, você/ o(a) senhor(a) diz: Esta tarefa, na verdade, é para ___ fazer (Comitê Nacional, 2001). Nas gramáticas tradicionais (COUTINHO, 1958; ALMEIDA, 1962; ALI, 1980; CUNHA, 2008; BECHARA, 2009; ROCHA LIMA, 2014), o pronome pessoal do caso oblíquo mim não substitui o pronome pessoal do caso reto eu. No entanto, na língua falada às vezes nos deparamos com o uso do caso oblíquo mim funcionando como sujeito da oração. É nesse contexto de variação linguística, com enfoque no campo da morfossintaxe, que este estudo se insere. Objetivamos (i) analisar os dados de duzentos informantes, sendo oito entrevistados em cada uma das 25 capitais brasileiras e (ii) identificar quais fatores extralinguísticos favorecem o uso do oblíquo mim no lugar do pronome reto eu. Os dados revelaram a necessidade de mais estudos a respeito dos pronomes pessoais e suas funções na língua falada, já que os resultados tendem a indicar a aceitação do mim como sujeito do enunciado, fato que pode proporcionar uma mudança de função gramatical na fala popular.Referências
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