"Nenhuma malícia será castigada"

eróticas no corpo e no palco de Ney Matogrosso

Palavras-chave: Ney Matogrosso, erotismo, carnavalização

Resumo

No momento em que o Brasil passava por uma “transição” entre a ditadura militar e uma possível redemocratização, caracterizada na chamada reabertura política, o autoritarismo dava mostras de não arrefecer sobre a esfera do comportamento, sexualidade e erotismo. Nesse sentido, o presente artigo busca compreender as possibilidades de transgressão às permanentes interdições supracitadas, especialmente no início da década de 1980, por intermédio da análise do espetáculo Mato Grosso (1982), do artista Ney Matogrosso. As performances do referido espetáculo apresentavam sujeitos marginais do campo social, porém conformadores de arquétipos/identidades sociais brasileiras (índios, caipiras e malandros) como articuladores das demandas de grupos marginalizados efervescentes e candentes de expectativas diante das nuances de mudança que a lenta dissolução do cesarismo militar apresentava. A carnavalização da interdição foi utilizada por Ney Matogrosso como instrumento de expressão dos impulsos eróticos que tendiam ser abafados por uma moral repressora permanente.

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Biografia do Autor

Robson Pereira da Silva, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5608673598392485.

Referências

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Publicado
2015-12-29
Como Citar
SILVA, R. P. DA. "Nenhuma malícia será castigada". albuquerque: revista de história, v. 7, n. 14, p. 83-102, 29 dez. 2015.
Seção
Dossiê: Outras eróticas e desejos possíveis, vol. II