PEDAGOGIA CRÍTICA, CAPITAL TECNOLÓGICO E EXCLUSÃO PARTICIPATIVA

UMA DISCUSSÃO INTERDISCIPLINAR SOBRE EQUIDADE DIGITAL NA EDUCAÇÃO

Resumo

Parece indiscutível que o desenvolvimento das tecnologias digitais trouxe mudanças significativas tanto nas formas de produção sociocultural quanto nos modelos comunicacionais e nas dinâmicas de cidadania participativa. Como fruto e reflexo das sociedades em que se insere, a educação não fica isenta dessas mudanças. No entanto, a incorporação das tecnologias digitais no âmbito educacional é complexa e desigual. A exclusão digital e as lacunas nos multiletramentos em professores e estudantes tornam-se ainda mais evidentes à medida em que a comunidade educacional luta com o cenário de pandemia de SARS-CoV-2 que se instaurou em 2020. Como resultado, percebe-se que o sucesso da incorporação das tecnologias digitais na educação não é apenas uma questão de vultosos investimentos em infraestrutura, mas uma questão política. A discussão crítica sobre essa questão abrange conceitos interdisciplinares para além do campo da educação, como os de capital tecnológico e de exclusão participativa. Assim, este ensaio teórico visa ser um ponto de partida para estimular a reflexão mais aprofundada sobre a equidade digital na educação, iluminando tópicos relevantes que auxiliam na compreensão de como o hype da tecnologia educacional digital pode reproduzir a desigualdade incorporada em sociedades capitalistas – em especial com relação às experiências vividas nessas sociedades e à crença de que as tecnologias digitais são a panaceia da educação, capazes de, por si só, solucionar problemas profundos e de natureza complexa.