Literatura: a voz da escritora negra

  • Maria Cristina Maciel SEE/DF
Palavras-chave: Gênero; Etnia; Racismo; Literatura; Ensino.

Resumo

O presente artigo discute como a representação das experiências das mulheres negras por meio da literatura contribuem para eliminar o racismo presente nas relações sociais. Racismo que é reforçado pela estética do branqueamento veiculada pela mídia e fortalecido pela exclusão dessa literatura do cânone literário. Nesse caso, torna-se fundamental refletir sobre a importância da literatura negra como uma marca de pertencimento étnico, dando voz a um grupo silenciado e marginalizado historicamente. Reivindicar uma literatura negra com o recorte de gênero é desconstruir o mito de inferiorização, é reivindicar a alteridade não como apartação, mas sim como uma valorização da marca de pertencimento étnico. Por isso, a publicação e a análise de obras de escritores negros constituem uma necessidade política de desconstruir “verdades” cristalizadas pela misoginia e pelo racismo. A pluralização das vozes no espaço literário pode tirar a literatura da servidão a um pensamento hegemônico de uma sociedade dominadora. Escrever, publicar e ensinar é afirmar um espaço, ecoando a voz e marcando a existência.

 

Biografia do Autor

Maria Cristina Maciel, SEE/DF

Professora de Português da Secretaria de Estado de Educação DF

Mestre em Literatura pela Universidade de Brasília - UnB

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Publicado
2020-01-17
Como Citar
Maciel, M. C. (2020). Literatura: a voz da escritora negra . Papéis: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Estudos De Linguagens - UFMS , 21(42), 230-241. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/papeis/article/view/3566
Seção
ESPECIAL: I Simpósio de Crítica Literária Dialética (UnB)