Transpondo o problema de gênero: a questão trans – o que a matemática e o Cinema têm a ver com isso?

Palavras-chave: Educação Matemática, Travestilidade, Transgeneridade, Cinema, Transposição de problemas

Resumo

Esse artigo discute teoricamente a problemática de gênero, em específico, relativa às vivências de pessoas trans e travestis na sociedade, a ser transposta, estranhada e queerizada em aulas de matemática. Para isso, assumimos a vertente teórica da Teoria Queer e a concepção de (des)ordens da (re)invenção, de modo que, por meio de produtos cinematográficos, evidenciamos questões de ordem estrutural e trazemos à tona proposições de problematização da temática gênero em possibilidades de discussão em aulas de matemática. Como resultados, assumimos que há possibilidades de debate, reflexão, luta, (re)existência e resistência em relação a temáticas trans, quando a aula de matemática, entre outras, se põe a educar pela(s) matemática(s), podendo gerar responsabilidade social e héxis política de todes em um ambiente educativo, quiçá social, de modo geral.

Biografia do Autor

Agnaldo da Conceição Esquincalha, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor no Instituto de Matemática e no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMAT) da UFRJ. Bolsista FAPERJ como Jovem Cientista do Nosso Estado. Fez Estágio Pós-Doutoral no Programa de Pós-Graduação em Educação e Ciências e Matemática na UFRuralRJ, onde também se licenciou em Matemática. É Doutor em Educação Matemática pela PUC-SP e Mestre em Modelagem Computacional pela UERJ. É Coordenador do PEMAT/UFRJ e Membro da Diretoria Nacional Executiva da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, da qual foi Diretor Regional no Rio de Janeiro (2016-2021). É Coordenador de Matemática no Programa Residência Pedagógica da UFRJ. É líder do Grupo de Pesquisa "MatematiQueer: Estudos de Gênero e Sexualidades em Educação Matemática", cadastrado no CNPq. Foi coordenador do Subprojeto de Matemática no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID-UFRJ, 2018-2020), Professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, onde atuou como Coordenador da Licenciatura em Matemática e Professor do Programa de Pós-Graduação em Matemática (PROFMAT/UERJ). Antes disso, foi Professor do Departamento de Matemática da PUC-Rio, Coordenador de Matemática nas Diretorias de Extensão e de Mídias Digitais da Fundação CECIERJ/Consórcio CEDERJ, Professor Pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino da UFF, Coordenador de Tutoria do Programa de Formação de Professores de Matemática do Estado de São Paulo, Coordenador Geral de Matemática dos Programas de Formação Continuada da SEEDUC-RJ/CECIERJ (2010-2015) e Professor Formador do Curso de Licenciatura em Matemática na modalidade semipresencial do Consórcio CEDERJ (2019-2024). Além disso, foi Professor Substituto nas áreas de Matemática e Educação Matemática na UFRJ, na UERJ e na UFRRJ, além ter sido bolsista de desenvolvimento de projetos em Educação a Distância na UNIRIO, e professor na Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro. Tem experiência nas áreas de Educação Matemática Inclusiva e Estudos de Gênero e Sexualidades em Educação Matemática. Produções bibliográficas em https://ufrj.academia.edu/AgnaldoEsquincalha 

 

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Publicado
2024-11-01
Como Citar
ROSA, M.; DA CONCEIÇÃO ESQUINCALHA, A.; PINTO SOUZA, E. Transpondo o problema de gênero: a questão trans – o que a matemática e o Cinema têm a ver com isso?. Perspectivas da Educação Matemática, v. 17, n. 47, p. 1-28, 1 nov. 2024.
Seção
Debates contemporâneos sobre Gêneros (e/,) Sexualidades e Educação Matemática