Governamentalidade e educação inclusiva em tempos neoliberais
Resumen
Com o avanço do neoliberalismo, a educação tem se configurado como espaço privilegiado para a efetivação da inclusão por meio de políticas, discursos, estratégias e tecnologias de saber-poder. Nesse contexto, o Estado governamentalizado assume especial interesse pela população, elaborando e circulando práticas que moldam formas de vida orientadas à competitividade, à eficiência e à autorresponsabilização. As reformas neoliberais instituem normas que posicionam os sujeitos em redes de saberes e espaços mercadológicos, convertendo-os em capital humano normalizado e adaptado às demandas do sistema econômico. Este artigo tem como objetivo problematizar a educação inclusiva enquanto recurso estratégico de normalização e produção de subjetividades úteis ao mercado, articulando-a aos conceitos de governamentalidade e biopolítica. Trata-se de um estudo exploratório de caráter bibliográfico, desenvolvido por meio de análise qualitativa de obras de referência e produções acadêmicas de Michel Foucault e de autores que discutem a interface entre neoliberalismo e educação inclusiva. Os resultados indicam que, embora amparada por marcos legais, a inclusão escolar é fragilizada por racionalidades neoliberais que reduzem seu potencial emancipatório e reforçam processos de in/exclusão, exigindo uma abordagem crítica capaz de tensionar discursos hegemônicos e fomentar práticas pedagógicas que valorizem as diferenças como potência transformadora.
Descargas
Citas
ACORSI, ROBERTA. Tenho 25 alunos e 5 inclusões. In: LOPES, MAURA CORCINI; HATTGE, MORGANA DOMÊNICA (org.). Inclusão escolar: conjunto de práticas que governam. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
DARDOT, PIERRE; LAVAL, CHRISTIAN. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2016.
FOUCAULT, MICHEL. As palavras e as coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FOUCAULT, MICHEL. Em defesa da sociedade – curso ao Collège de France (1975–1976). Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, MICHEL. Folie et déraison. Histoire de la folie à l’âge classique – Préface. In: Dits et écrits. v. 1. Paris: Gallimard, 1994. p. 159–167.
FOUCAULT, MICHEL. História da sexualidade 1 – a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 15. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOUCAULT, MICHEL. História da sexualidade 2 – o uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 11. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
FOUCAULT, MICHEL. Nascimento da biopolítica – curso ao Collège de France (1978–1979). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, MICHEL. Os anormais – curso ao Collège de France (1974–1975). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, MICHEL. Segurança, território, população – curso ao Collège de France (1977–1978). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.
FOUCAULT, MICHEL. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. 42. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
FREITAS, LUIS CARLOS DE. A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
FRIEDMAN, MILTON. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Abril Cultural, 1955.
GADELHA, SYLVIO. Biopolítica, governamentalidade e educação: introdução e conexões, a partir de Michel Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
GADELHA, SYLVIO. Empresariamento da sociedade e da educação: o complexo corpo-subjetividade do homo economicus neoliberal, o imperativo da alta performance e seus efeitos. In: REZENDE, HAROLDO (org.). Michel Foucault: a arte neoliberal de governar e a educação. São Paulo: Intermeios, 2018.
GALLO, SÍLVIO. Uma apresentação: diferenças e educação; governamento e resistência. In: LOPES, MAURA CORCINI; HATTGE, MORGANA DOMÊNICA (org.). Inclusão escolar: conjunto de práticas que governam. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
GENTILI, PABLO ANTONIO AMADEO. A falsificação do consenso: simulacro e imposição na reforma educacional do neoliberalismo. Petrópolis: Vozes, 1998.
GENTILI, PABLO ANTONIO AMADEO. Neoliberalismo e educação: manual do usuário. In: GENTILI, P.; SILVA, T. T. da; CAPOVILLA, ALESSANDRA (org.). Escola S.A: quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. Brasília: CNTE, 1996.
GIL, ANTONIO CARLOS. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
HARVEY, DAVID. O neoliberalismo: história e implicações. Trad. Adail Sobral; Maria Stela Gonçalves. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
HAYEK, FRIEDRICH AUGUST VON. O caminho da servidão. Trad. Capovilla, Stelle; Ribeiro. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 2010.
KEYNES, JOHN MAYNARD. O fim do "laissez-faire". In: KEYNES, JOHN MAYNARD. Economia. São Paulo: Ática, 1983. p. 106–126. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/fimlaissezfaire.html. Acesso em: 22 mai. 2022.
LOPES, MAURA CORCINI. Inclusão como prática política de governamentalidade. In: LOPES, MAURA CORCINI; HATTGE, MORGANA DOMÊNICA (org.). Inclusão escolar: conjunto de práticas que governam. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
LOPES, MAURA CORCINI. Inclusão como estratégia e imperativo de Estado: a educação e a escola na produção de sujeitos capazes de incluir. In: REZENDE, HAROLDO (org.). Michel Foucault – o governo da infância. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
LOPES, MAURA CORCINI; DAL’IGNA, MARIA CLÁUDIA. Subjetividade docente, inclusão e gênero. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 120, p. 851–867, jul./set. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-73302012000300011. Acesso em: 01 jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302012000300011
MISES, LUDWIG VON. As seis lições. Trad. Maria Luiza X. de A. 9. ed. São Paulo: LVM Editora, 2018.
MISES, LUDWIG VON. Liberalismo. Trad. Haydn Coutinho Pimenta. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 2010.
NIETZSCHE, FRIEDRICH. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. In: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
NIETZSCHE, FRIEDRICH. Vontade de potência. Trad. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2011.
SCHULTZ, T. O capital humano: investimentos em educação e pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
VEIGA-NETO, ALFREDO. Educação e governamentalidade neoliberal: novos dispositivos, novas subjetividades. In: PORTOCARRERO, VERA; CASTELO-BRANCO, GUILHERME (org.). Retratos de Foucault. Rio de Janeiro: Nau, 2000.
Derechos de autor 2025 Albuquerque (online)

Esta obra está bajo licencia internacional Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-SinObrasDerivadas 4.0.
Los derechos de autor pertenecen a esta revista. Las opiniones y puntos de vista presentes en los artículos son responsabilidad de sus autores y no necesariamente representan las posiciones oficiales de Albuquerque: revista de Estudios Culturales.


1.png)








