Narrativas de uma Professora do Campo: entre saídas e preconceitos
Resumo
O artigo trata de parte da narrativa de uma professora que lecionou em uma escola campesina do município de Lucélia, localizada no interior do estado de São Paulo, entre os anos de 1998 até o fim das atividades da escola, em 2006, e portanto precisou mudar seu local de trabalho para escolas da zona urbana do mesmo município. O objetivo do estudo foi compreender a identidade docente desta professora e problematizar se, com o fechamento da escola, tal evento pode ter modificado sua identidade e prática docente. A obtenção dos dados foi realizada por meio de relatos da vivência, metodologia híbrida formada pela junção de História Oral, Entrevista Reflexiva e Narrativas e, para a sua análise, as falas da professora foram organizadas por núcleos de significação, discutidos pelo método dialético. Em grande parte de suas falas, nota-se que a professora se recorda com muita tristeza das formas de preconceito que experimentou sendo professora de escola campesina e de situações, mesmo que não declaradas, de violência. Foi observado que as lembranças deste período estão vivas em sua memória, mesmo após quase 20 anos do fechamento da escola, o que pode ser compreendido como uma marca de sua identidade.
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