Formação de Professores: Reverberando o Currículo Branco
Resumo
Neste artigo, temos como objetivo trazer reflexões sobre a formação de professores, compreendendo que o campo da formação de professores e do currículo, ainda são, em certa medida, lugares de privilégio da identidade branca. Por isso, refletimos sobre os desafios e necessidades de uma educação decolonial, que não reproduza os privilégios da branquitude no currículo e, como consequência, no interior da sociedade brasileira. Nos aproximamos dos estudos críticos da branquitude e dos estudos decoloniais, e entendemos que a ideia de branquitude é uma construção social em meio a relações de poder que reforça o significado de superioridade que se apregoa ao branco. Um processo complexo que, além de envolver características físicas, envolve características sociais e econômicas. De caráter bibliográfico e de natureza qualitativa, a pesquisa traz para a discussão uma temática relevante para a comunidade acadêmica, profissionais da área educacional e sociedade, contribuindo com a produção de conhecimento no campo da formação de professores e do currículo. Os resultados explicitam que é preciso fortalecer uma educação decolonial e uma pedagogia decolonial para desconstruir o caráter colonial que ainda marca as instituições educacionais. Dessa forma, podemos garantir que os grupos minoritários, historicamente invisibilizados e marginalizados, também participem na construção das propostas educacionais, elaborando currículos para a formação de professores que contemplem seus saberes, suas culturas, seus modos de vida.
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