Formação de Professores: Reverberando o Currículo Branco

Palavras-chave: Branquitude, Formação de Professores, Educação Decolonial

Resumo

Neste artigo, temos como objetivo trazer reflexões sobre a formação de professores, compreendendo que o campo da formação de professores e do currículo, ainda são, em certa medida, lugares de privilégio da identidade branca. Por isso, refletimos sobre os desafios e necessidades de uma educação decolonial, que não reproduza os privilégios da branquitude no currículo e, como consequência, no interior da sociedade brasileira. Nos aproximamos dos estudos críticos da branquitude e dos estudos decoloniais, e entendemos que a ideia de branquitude é uma construção social em meio a relações de poder que reforça o significado de superioridade que se apregoa ao branco. Um processo complexo que, além de envolver características físicas, envolve características sociais e econômicas. De caráter bibliográfico e de natureza qualitativa, a pesquisa traz para a discussão uma temática relevante para a comunidade acadêmica, profissionais da área educacional e sociedade, contribuindo com a produção de conhecimento no campo da formação de professores e do currículo. Os resultados explicitam que é preciso fortalecer uma educação decolonial e uma pedagogia decolonial para desconstruir o caráter colonial que ainda marca as instituições educacionais. Dessa forma, podemos garantir que os grupos minoritários, historicamente invisibilizados e marginalizados, também participem na construção das propostas educacionais, elaborando currículos para a formação de professores que contemplem seus saberes, suas culturas, seus modos de vida.

Biografia do Autor

Izabel Cristina Santana, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Especialista em Educação Inclusiva, deficiência intelectual e neuropsicopedagogia, Mestranda em Educação PROFEDUC UEMS. FCG Faculdade Campo Grande, Cidade Campo Grande, MS, Brasil.

Sirley Lizott Tedeschi, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Doutorado em Educação. Docente nos Programas de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação/PROFEDUC e Mestrado Profissional em Ensino de História/PROFHISTÓRIA, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Dourados, MS, Brasil.

Referências

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: DF, 2005.

BRASIL, Lei n. 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2003.

BATISTA, W. M. A inferiorização dos negros a partir do racismo estrutural. Revista Direito Práx, Rio de Janeiro, vol. 9, n.4, 2018.

CANDAU, V. M. Educação descolonizadora: construindo caminhos. Nuevamérica, Buenos Aires, n. 149, p. 35-39, 2016. Disponível em: http://www.novamerica.org.br/ong/wp-content/uploads/2019/07/0149.pdf. Acesso em: 10 dez. 2023.

CANDAU, V.M. Diferenças, educação intercultural e decolonialidade: temas insurgentes. REC – Revista Espaço do Currículo.v.13, n. especial, 2020. DOI: 10.15687/rec.

CARDOSO, L. O branco “invisível”: um estudo sobre a emergência da branquitude nas pesquisas sobre as relações raciais no Brasil. Dissertação de mestrado. Faculdade de Economia e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 2008.

COELHO, N. B; COELHO, M. C. As licenciaturas em História e a Lei 10.639/03: percursos de formação para o trato com a diferença? Educação em Revista, 34, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/hvnLnRX7NpxPqJ9YqrBBQHG/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 dez. 2023.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Fator, 1980.

FANON, F. Os condenados da terra (E. Rocha & L. Magalhães, Trads.). UFJF, 2005.

GOMES, N.L. Práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva da Lei n. 10.639/2003. Brasília: MEC, UNESCO, 2017.

GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n. 1, p. 98-109, jan.-abr. 2012.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.) El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007.

MIGNOLO, W. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, 1(1), p. 12-32, 2017.

MUNANGA, K. Apresentação. In: ______. Superando o racismo na escola. 2. ed. Brasília: MEC-SECAD, 2005.

OLIVEIRA, M. S. A educação para as relações étnico-raciais na cidade de Queimados: trajetória possível. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://tede.ufrrj.br/jspui/bitstream/jspui/5208/2/2019%20-%20Marlene%20de%20Souza%20Oliveira.pdf. Acesso em: 10 dez. 2023.

PAIM, E. A. Epistemologia decolonial: uma ferramenta política para ensinar histórias outras. HHmaganiza: humanidades em rede, 19. Jun, 2019.

RODRIGUES, N. Os africanos no Brasil. 5a. ed. São Paulo. Ed. Nacional. 1977.

REIS, M. N; ANDRADE, M. F. F. O pensamento decolonial: análise, desafios e perspectivas. Revista Espaço Acadêmico, n.202, março, 2018.

SANTOS, B. V.; MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. (2009). Biblioteca Nacional de Portugal.

SCHUCMAN, L. V. Racismo e Antirracismo: a categoria raça em questão. Psicologia política, v. 10, n.19, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v10n19/v10n19a05.pdf. Acesso em: 10 dez. 2023.

SCHUCMAN, L. V. Entre o "encardido", o "branco" e o "branquíssimo": raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Instituto de Psicologia. Biblioteca Digital USP: teses e dissertações. São Paulo, 2012.https://doi.org/10.11606/T.47.2012.

SOUZA, M.P.; RIBEIRO, P.R.M.; NOGUEIRA, C.S. Decolonialidade e educação antirracista: intersecções e aproximações. Revista Em Favor de Igualdade Racial, Rio Branco – Acre, v. 5, n.3, p. 88-98, set-dez. 2022.

SILVA, T. T. Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais em educação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

WALSH, C. Interculturalidade e (des) colonialidade: perspectivas críticas e políticas. Conferência Inaugural. XII Congresso ARIC, Florianópolis, Brasil, 29 jun. 2009.

Publicado
2023-12-23
Como Citar
SANTANA, I. C.; LIZOTT TEDESCHI, S. Formação de Professores: Reverberando o Currículo Branco. Revista Ensin@ UFMS, v. 4, n. Esp., p. 69-84, 23 dez. 2023.