Depois de todas as temáticas abordadas pelos Cadernos de Estudos Culturais (ISSN: 2763-888X) — 1º volume: Estudos culturais (abril de 2009); 2º volume: Literatura comparada hoje (setembro de 2009); 3º volume: Crítica contemporânea (abril de 2010); 4º volume: Crítica biográfica (setembro de 2010); 5º volume: Subalternidade (abril de 2011); 6º volume: Cultura local (dezembro de 2011); 7º volume: Fronteiras culturais (abril de 2012); 8º volume: Eixos periféricos (dezembro de 2012); 9º volume: Pós-colonialidade (abril de 2013); 10º volume: Memória cultural (dezembro de 2013); 11º volume: Silviano Santiago: uma homenagem (abril de 2014); 12º volume: Eneida Maria de Souza: uma homenagem (dezembro de 2014); 13º volume: Povos indígenas (abril de 2015); 14º volume: Brasil\Paraguai\Bolívia (dezembro de 2015); 15º volume: Ocidente/Oriente: migrações; 16º volume: Estéticas periféricas (abril de 2016); 17º volume: Cultura urbana; volume 18º: Tendências teóricas do século XXI; volume 19º: Tendências artísticas do século XXI; volume 20º: Exterioridade dos Saberes: NECC 10 ANOS — os CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS voltam-se para PEDAGOGIAS DESCOLONIAIS , por ser quase um consenso crítico nos dias atuais de que a tendência crítica moderna entrou em declínio exatamente com a chegada de epistemologias outras que grassaram dos lugares os mais fronteiriços, ou periféricos, como, por exemplo, as teorias da subalternidade, da pós-colonialidade, da pós-ocidentalidade, dos estudos fronteiriços, entre outros que têm chegado até às portas da instituições públicas, das disciplinas e dos mais diferentes cursos de Graduação e de Pós-Graduação de todo o país que não têm medido esforços para propor e sustentar uma “pedagogia do oprimido ou descolonial ” (FREIRE; PALERMO; MIGNOLO) que não ignora a pedagogia moderna mas que também tem consciência fronteiriça de que aquela não contempla as diferenças coloniais que imperam no mundo. A temática aqui proposta visa contemplar, de forma mais satisfatória, os projetos, as pesquisas e as produções intelectuais que estão sendo desenvolvidas dentro das escolas sobretudo a partir de epistemologias ou práticas outras. Voltar-se para uma discussão teórica acerca de pedagogias descoloniais significa, entre outras coisas, abrir-se, criticamente, para os lugares e as práticas excluídos, os quais foram criados e alimentados pela própria pedagogia do pensamento moderno ocidental. Se, por um lado, o mundo do exterior foi criado pelo mundo do interior, alimentando, assim, uma exclusão de sujeitos e de saberes sem precedentes na história do ocidente, por outro lado, e por mais contraditório que possa parecer, esse mundo que contempla uma pedagogia da exterioridade só pode vir a ser mais bem compreendido por uma epistemologia que emirja de-dentro dele, e nunca o contrário, como poderiam supor aqueles intelectuais e respectivos modos de pensar que acreditam que ainda se é possível falar e pensar pelo outro, nestes tempos de refugiados de toda sorte. Não é escusado reiterar que as teorias também brotam de todos os lugares e migram em todas as direções, inclusive do Sul para o Norte, e cada vez mais. Os CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS, que recentemente completaram uma década de existência, como se pode ver por meio das temáticas elencadas acima, vêm sinalizando acerca da importância de se privilegiar o que é da ordem de uma pedagogia da exterioridade do pensamento moderno ocidental, voltando-se, num crescendo, para pedagogias outras (que não a moderna) que se debruçam acerca de um saber, um sentir e um pensar que originam reflexões teóricas e críticas menos preconceituosas e excludentes e mais inclusivas e a partir das diferenças coloniais. Cabe-me a feliz tarefa de agradecer a todos os autores que aceitaram participar deste volume, enriquecendo-o com seu ensaio. Agradeço ao também editor Marcos Antônio Bessa-Oliveira que não tem medido esforços para que os CADERNOS venham a público, bem como a todos da COMISSÃO ORGANIZADORA e MEMBROS do NECC. Gratidão traduz o que todos os neccenses sentimos pelos ilustres pesquisadores deste volume, sem os quais a temática proposta não seria possível para a realização deste número que entra para a história da crítica cultural quando o assunto for PEDAGOGIAS DESCOLONIAIS.
Edgar Cézar Nolasco